O ILUMINADO, de Stephen King: Um olhar sobre o livro

Sou um fã de Stephen King (tenho quase todos os livros dele, muitos em primeira edição americana), mas tenho que dizer algo que provavelmente desagradará àqueles fãs mais xiitas. O Iluminado (The Shining) de Stanley Kubrick é bem melhor do que a história original de King.

É mais assustador, tem mais cenas de terror e é muito mais perturbador. Mas vocês podem dizer: você não pode comparar um filme com um livro, é covardia. Sem dúvida, mas não estou aqui me referindo ao impacto audiovisual sobre o espectador, mas sim sobre a quantidade e a qualidade das cenas de terror.

Por exemplo, com exceção da icônica cena do apartamento 217 (237 no filme), em que o cadáver da mulher se levanta da banheira, as melhores sequências do filme não estão no livro, como as gêmeas assustadoras do corredor, o sangue que se esvai do elevador em uma cascata, o machado quebrando a porta do banheiro e a perseguição no labirinto de arbustos (que simplesmente não existe na história de King).

Dito isso, agora vou amenizar, para os fãs de King pararem de me xingar. Mesmo assim, esse é um dos melhores livros do Rei do Maine.

Jack Torrance é demitido do emprego de professor depois de um entrevero com um aluno de sua escola. Seu amigo, um milionário que faz parte do conselho da escola, acha a demissão injusta e oferece um novo emprego para Jack: zelador do Hotel Overlook, durante o inverno, quando ele fecha e fica vazio e isolado.

Como vai passar alguns meses no local, Jack leva junto sua mulher e seu filho de cinco anos (Danny), que tem visões do futuro e do mundo sobrenatural, a chamada "iluminação" ("shining"). E, aos poucos, o hotel revela seu passado sangrento e começa a assombrar a família.

Apesar do filme ser mais assustador do que o livro, do ponto de vista dramático, a história de King é mais completa do que a versão de Kubrick. King explora mais o drama familiar, as angústias de Jack e de sua esposa Wendy.

Jack é um ex-alcoólatra que viveu em uma família controlada por um pai violento e que por vezes deixa essa violência transparecer em suas relações com a mulher e o filho. Além de lutar contra o vício, Jack luta contra seu fracasso profissional. Ele é um escritor cuja maior glória foi ter vendido um conto para uma grande revista.



Mas isso foi no passado e, no momento em que ele aceita o emprego no Overlook, ele é apenas um desempregado que luta para manter o sustento de sua família, ao mesmo tempo em que segue com um sonho de se firmar como escritor.

O livro tem boas cenas de terror. A cena do 217 é uma, mas a sequência em que o elevador se move sozinho é a mais aterrorizante delas. Mas também tem algumas cenas de terror infantil que marcam King (e que só assustam a ele próprio), como os arbustos em forma de animais que ganham vida e atacam as pessoas.

É um ótimo livro para começar no universo de King, mas comece a leitura esperando ver uma história com muitas diferenças em relação ao filme (não me admira que o autor tenha ficado tão desgostoso com a versão cinematográfica e tenha produzido sua própria alguns anos depois).

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