O CEMITÉRIO, de Stephen King: Um olhar sobre o livro

O Cemitério (Pet Sematary) é um dos livros mais clássicos e conhecidos de Stephen King, junto com outra meia dúzia de obras. E, devo dizer: é uma das obras mais sombrias do mestre. Quando se começa a ler o livro, publicado originalmente em 1983, uma nuvem negra de melancolia e depressão para envolver o leitor.

A família Creed se muda para a pequena cidade de Ludlow, próxima de Bangor, no Maine, depois que o financeiramente quebrado pai, Louis, arranja um emprego na enfermaria da universidade local. A mulher, Rachel, e os dois filhos (Ellie, a maior, e Gage, uma criança de três anos) gostam tanto da casa que nem se incomodam de morarem de frente para uma movimentada rodovia e próximo a um cemitério de animais.

Quando o gato da família, Church, morre enquanto Louis está sozinho em casa (a família está passando o Dia de Ação de Graças com os avós em Chicago), seu vizinho, o velho Jud, lhe pede para enterrar o animal em uma espécie de anexo do cemitério de animais, que é considerado solo sagrado dos antigos índios micmac.



Louis só vai entender que aquele local tem poderes mágicos quando Church reaparece em sua casa no dia seguinte, depois de ter sido enterrado. Jud lhe conta que aquele cemitério tem o poder de trazer mortos de volta à vida.

Mas Jud faz um alerta: é preciso tomar cuidado com o local, que é assombrado por um espírito ruim, chamado Wendigo ou Vendigo.

O Cemitério é uma reflexão sobre a morte, sobre a finitude humana e sobre como lidar com a perda de um ente querido. Por isso, o livro é tão sombrio. Em determinado momento, King descreve a morte de um dos personagens e o luto da família de forma tão dramaticamente (e ao mesmo tempo de forma tão simples), que pensei em abandonar a história ali. Não porque fosse ruim, mas porque aquilo me atingira de forma profunda.

Parcialmente inspirado em A Pata do Macaco (The Monkey's Paw), W.W. Jacobs (a história é inclusive citada no livro), O Cemitério é, a meu ver, é um dos livros mais brilhantes de King, ainda que não seja um primor sob o ponto de vista estilístico.

Apenas duas coisas me irritaram no livro. Duas daquelas bobagens infantis que King insiste em escrever em seus livros. A primeira é ficar chamando o cemitério de animais de sematary (traduzido como simitério para o português, na edição que li, do Círculo do Livro).

Tudo bem que as crianças grafaram a palavra de forma errada na placa do cemitério (simitério), mas não havia necessidade do autor ficar usando essa palavra à exaustão ao longo da história e muito menos usá-la no título original do livro (Pet Sematary).

A outra é a "figura" de Oz, the Great and Tewwible (traduzido na edição do Círculo do Livro como Oz, o Gande e Teível). A tal figura seria uma imagem da morte que ficou gravada na mente de Rachel por causa de sua moribunda irmã, a qual gostava de ver, em seu leito de morte, um pôster do Mágico de Oz em seu quarto. "Gande e Teível" era a forma como a irmã de Rachel chamava o mágico quando pequena.

Enfim, são duas infantilidades que não agregam nada para a história e soam meio ridículas. Mas são apenas detalhes (e só digo isso porque tenho implicância com esse lado infantil de King).




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