TWITTANDO COM O VAMPIRO, de Aislan Coulter: Um olhar sobre o livro

Conheci o Aislan Coulter no Facebook, trocamos algumas mensagens e também trocamos livros. Eu passei a ele os PDFs das minhas coletâneas Tânatos e Macabra Mente, Aislan me passou uma cópia de Twittando com o Vampiro.

Isso já tem um bom tempo, mas como eu estava enrolado com alguns trabalhos e com uma leitura que nunca terminava, de It - A Coisa, de Stephen King, demorei um pouco para me dedicar à leitura da obra de Coulter, que, por enquanto, foi lançada apenas em e-book.

Levei apenas dois dias para ler, mas, se eu tivesse mais tempo, poderia tê-la lido tranquilamente em poucas horas, porque a história é bem curtinha e agradável.

Twittando com o Vampiro, na verdade, é um título que engana bastante. Quando comecei a história, achei que ia ler sobre uma relação virtual entre um vampiro e um internauta qualquer (provavelmente uma vítima). Mas o enredo não podia ser mais diferente. O Twitter aparece apenas em algumas referências isoladas ao longo do livro.

Então o que esperar do livro? Bem, é um livro de vampiro. Mas mistura vodu, a Morte, espíritos, um assassino que divulga suas mortes na deep web e uma mulher vítima de porn revenge que apresenta sinais de loucura associados a um grave transtorno obsessivo-compulsivo.

Logo, não é um simples livro de vampiro, ainda que o núcleo básico do enredo gire em torno do morto-vivo Kelvin Malon.

Coulter adotou a interessante estratégia de contar a história sob três ângulos diferentes, que se alternam ao longo do livro. Inicialmente, as três subnarrativas seguem independentes, como se fossem contos diferentes, mas elas vão se tocando gradativamente, até que se unem no final.

Uma delas se foca especificamente na vida e ações de Kelvin Malon, o protagonista, e é narrada em terceira pessoa por ninguém menos do que a Morte. Ela acompanha cada caçada do vampiro e recepciona os recém-defuntos, aparecendo para eles sob a forma daquilo que eles mais temem.

Outra subnarrativa é contada em primeira pessoa por Alice Brein, uma ninfomaníaca com TOC, vítima de revenge porn (um vídeo de sexo dela foi vazado e aparece em todos os sites), que relata sua história em forma de diário. Conforme ela faz seu relato, ela conta como começa a se aproximar do vampiro Kelvin.

O interessante nessa parte é que Coulter consegue passar ao leitor a loucura que gradativamente se apossa de Aline, com seus pensamentos suicidas, suas visões de espíritos, os trechos que ela decide apagar do diário (cujas palavras aparecem tachadas) e suas digressões nonsense.



A terceira subnarrativa é a mais interessante. Ela é praticamente toda escrita em forma de diálogos. Mesmo sem ter os parágrafos interdiálogos, o leitor consegue se situar bem no contexto das falas, porque os diálogos são elucidativos.

Ela se enfoca num assassinato da deep web que é contratado por clientes misteriosos para reaver uma cruz de São Bartolomeu. Essa foi a subnarrativa que gira em torno de rituais vodus foi a que mais me agradou.

Não sou muito fã de vampiros, assim como não tenho muita paciência com lobisomens e zumbis, mas isso não me impediu de ver as qualidades (e são muitas) da história. O que é mais interessante é o ritmo alucinante que Coulter consegue imprimir na história.

Para cada subnarrativa, ele se utiliza de um recurso para dar mais dinamicidade à história: na parte narrada pela Morte, os verbos estão no presente; na parte de Aline, o relato corrido e impermeado por frases sem sentido dão o tom urgente na narração; já na parte do assassino, a rapidez fica por conta da narrativa em forma de diálogo.

Leitura agradável e rápida. Altamente recomendável para quem curte histórias de vampiros.

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