A VOLTA DO PARAFUSO, de Henry James: Um olhar sobre o livro

A Volta do Parafuso (The Turn of the Screw) é uma das mais célebres histórias de fantasmas da literatura mundial. Escrita por Henry James, a novela (romance curto) foi originalmente publicada como um folhetim em 12 partes, na revista Collier's Weekly, entre janeiro e abril de 1898.

Também conhecido como A Outra Volta do Parafuso, o livro começa a ser narrado sob o ponto de vista de um homem que, durante uma sessão de contação de histórias de fantasmas, resolve ler um antigo manuscrito que encontrou em sua casa. O documento, na verdade, é o diário de uma antiga professora e revela misteriosas aparições na casa onde ela trabalhava.

Depois de iniciada a leitura do diário, o leitor é transportado para o ponto de vista da professora, que foi contratada por um milionário solteirão de Londres, para ser a preceptora de seus dois sobrinhos (a menina Flora e o menino Miles) em uma isolada mansão no interior da Inglaterra, a casa de Bly.

Como o homem não quer ser incomodado com qualquer assunto relacionado às crianças, sobra para a professora a missão de resolver todos os problemas. E o primeiro problema é a expulsão do menino Miles de sua escola.

O segundo são as aparições de dois espíritos em Bly, que, a professora descobre depois, são os fantasmas de dois ex-funcionários da casa, um homem e uma mulher, que haviam morrido recentemente.

Toda a história se desenrola em torno do mistério acerca da expulsão de Miles da escola e das influências que os dois ex-funcionários tinham sobre as crianças, quando estavam vivos. A professora suspeita que, depois da morte, os dois espíritos continuam a influenciar Flora e Miles.



Apesar da sombria atmosfera gótico-vitoriana, A Volta do Parafuso é um livro que não dá medo, nem causa angústia ou ansiedade. Os espíritos não são assustadores e não se envolvem diretamente com qualquer um dos personagens.

A linguagem é bem pesada, típica da literatura da virada do século XIX para o século XX e a premissa, meio confusa. Henry James é bem-sucedido em criar mistério e levantar perguntas, mas, para a infelicidade dos leitores, não se preocupa em solucionar nenhum deles.

O que é pior no livro, na verdade, é o fim súbito. Depois de se esmerar em criar toda uma atmosfera e construir um clímax, Henry James simplesmente parece ter se cansado da história e encerrado-a bruscamente, de forma insatisfatória.

Como o a história não é fechada, ela abre espaço para várias interpretações. Uma delas é que, na verdade, não há nenhum fantasma, apenas visões de uma professora solteirona e sexualmente reprimida que tem que lidar com um menino cuja sexualidade está despertando.

O título também não diz nada em relação ao enredo. E é simplesmente uma metáfora utilizada pelo primeiro narrador, logo nas primeiras linhas do texto. Logo depois de ouvir um conto de terror que envolve uma criança, o narrador compara-o com uma volta do parafuso, porque é tensa e dramática. E diz que a história que ele vai contar é como se fosse uma segunda volta do parafuso, porque envolve duas crianças e, por isso, é mais tensa ainda.

Em inglês, e expressão "dar volta no parafuso" significa "piorar uma situação que já é ruim".



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