ÁGUAS RASAS (2016): Um olhar sobre o filme

Águas Rasas (The Shallows, 2016) é um filme de tubarão que, graças a Deus, não ridiculariza esse arquetípico vilão do terror como os recentes filmes B Sharknado (2013) e Avalanche de Tubarões (Avalanche Sharks, 2014). Não chega a ser um filme ótimo, mas pelo menos devolve dignidade a esse assassino dos mares.

A premissa é ridiculamente simples: uma pessoa fica encurralada por um tubarão em um abrigo temporário que, dentro de algumas horas, desaparecerá e ela não estará mais segura. Por isso, ela precisa lutar contra o predador e buscar outro abrigo.

Nancy é uma estudante de medicina que larga a faculdade e viaja para a América Latina (creio eu que seja a costa pacífica do México) em busca de um mítico lugar onde sua mãe a levou, quando criança. Quando ela finalmente acha a remota praia paradisíaca, ela pega sua prancha e decide surfar.

O problema é que, acidentalmente, um gigantesco tubarão-branco é atraído para aquela enseada em busca de alimento (no caso, uma carcaça de baleia).

Quando ela percebe que está sendo perseguida pelo tubarão, ela está muito longe da costa e, infelizmente, ela precisa buscar refúgio em um pequeno arrecife cuja ponta fica emersa apenas durante o período de maré baixa. Suas chances de resgate são baixas, ou quase nulas, então ela precisa sair dali o quanto antes.

Apesar de, teoricamente, devido à premissa, o filme ter tudo para ser parado (afinal, é só uma mulher parada numa rocha esperando ser atacada por um tubarão), ele é bem empolgante. Os produtores conseguiram dividir bem a história, de forma que ela não passa tanto tempo assim em cima da tal rocha. Há uma boa introdução, com cenas dela surfando, interagindo com outros surfistas, conversando com a família, depois fugindo do tubarão, chegando na rocha e depois tentando escapar da rocha.

E mesmo o tempo que ela passa sobre a rocha é permeado por algumas sequências de ataque de tubarão e de tentativas frustradas de buscar ajuda.

É claro que o tubarão é daqueles vilões clichês que são superinteligentes e sempre antecipam as jogadas da vítima. Mas fora isso, Águas Rasas proporciona bons momentos de suspense e de angústia. O tubarão também é bem realista, com exceção da cena final, em que o bicho fica meio mal-feito.

E o cenário é um dos pontos fortes, a paradisíaca Lord Howe Island, na Austrália (que aliás é o país onde há maior concentração desses animais, junto com a África do Sul).

Há, no entanto, um grande furo no filme. Quando Nancy foge do tubarão e chega ao arrecife, é de tarde. Ela passa a noite, madrugada, manhã e tarde do dia seguinte em cima da rocha. Logo, ela fica quase 24 horas sobre a rocha. 

No entanto, no dia do ataque do tubarão, ela chega à praia cedo (com o sol a pino, logo é manhã ou tarde). Como ainda era dia quando ela chegou, era para a rocha estar emersa. Isso não acontece. Quando ela pergunta a um surfista local se há algum perigo na praia, ele diz que há rochas que só ficam visíveis na maré baixa. A câmera se direciona para o local apontado por ele e não mostra nenhuma rocha (ou seja, o arrecife está totalmente submerso). Como é que, no dia seguinte, ela consegue ficar emersa o dia inteiro?

AVALIAÇÃO GERAL: Bom
NÍVEL DE TERROR: Fraco
O QUE ESPERAR: Suspense, sustos, algum gore




DADOS DO FILME:
Título original: The Shallows
Subgênero: Animal assassino
Direção: Jaume Collet-Serra
Ano: 2016
País: EUA
Duração: 86 min