RACHEL, de R.F. Lucchetti: Um olhar sobre o livro

Rachel é o quinto livro da coleção R.F. Lucchetti, publicado pela Editorial Corvo em março deste ano. Trata-se da edição reescrita e revisada de um livro de Lucchetti (assim como todos os títulos da coleção), publicado nos anos 70 e há anos fora de catálogo: O Solar dos Gansfields, publicado pela Editora Cedibra, em 1975, sob o pseudônimo de Christine Gray.

Como muitas das histórias de Lucchetti, Rachel, uma curta novela de pouco mais de 60 páginas, se passa na Europa, mais especificamente na Inglaterra do século passado e tem, como cenário, uma antiga mansão, localizada num remoto promontório, no interior inglês.



O ambiente e a atmosfera tipicamente góticos (algo que Lucchetti tanto preza em seus livros de terror e mistério), envolvendo uma mansão antiga, cheia de sombras, cômodos e passagens secretas, são responsáveis por 80% do clima sombrio do livro.

A trama é um pouco confusa. O narrador, um advogado de meia-idade, recebe uma carta de seu velho amigo, o entomologista (especialista em insetos) Richard Gansfield, pedindo-o que ele compareça a sua casa, o tal Solar dos Gansfields. O advogado não sabe o motivo do convite, mas sente que algo estranho está acontecendo com o seu amigo. Ele então se desloca até lá, encontra seu amigo fragilizado e tenta descobrir o que há de errado.

Enquanto ele tenta encontrar respostas para o mistério, ele se envolve com a misteriosa esposa de Richard, a sedutora Rachel, e é assombrado por uma estranha e monstruosa criatura, que espreita pela grande e escura casa.

Lucchetti diz que Rachel é uma história de vampiros em que a casa é o principal personagem. Sim, é fato que há algo errado com a casa. Há algo que prende as pessoas nela e, ao mesmo tempo, suga suas forças. No entanto, não a classificaria como um conto vampiresco, simplesmente porque os mortos-vivos de caninos pontiagudos não aparecem no livro. Pelo menos não abertamente.

Capa da edição original, de 1975
Talvez a criatura que assombra o narrador seja um vampiro. Talvez Rachel seja a tal criatura. Mas isso não fica claro. Lucchetti não dá qualquer resposta em sua história. O mistério se mantém do início ao final da história, com o autor dando apenas algumas pistas inconclusivas sobre ele.

Lucchetti dá a entender que há algo de errado com a casa, com Rachel, com Richard e com as misteriosas pesquisas entomológicas desenvolvidas por Richard no porão da casa. Mas o quê? Que relação tem todas as coisas? Onde está o vampiro? Não há respostas muito claras para nenhuma dessas perguntas.

Talvez o vampirismo esteja apenas na clara referência a Drácula, de Bram Stoker. A chegada do narrador ao Solar dos Gansfields é muito parecida com a chegada de Jonathan Harker ao Castelo de Conde Drácula. Lucchetti, inclusive, cita a passagem original de Stoker em Rachel. Rachel, aliás, é recheado de referências literárias.