MAUSOLÉU, de Duda Falcão: Um olhar sobre o livro

Mausoléu é a primeira coletânea de contos do gaúcho Duda Falcão, publicada em 2013 pela editora que ele montou com o também escritor César Alcázar. Conheci o trabalho de Duda através de um editor do portal Boca do Inferno, Rodrigo Ramos, que o indicou como um dos melhores autores de horror brasileiros.

Portanto, comecei a leitura com grandes expectativas e não me decepcionei. Com exceção de alguns contos que não chamaram muito minha atenção (mais pelo tema que não me agrada muito do que pela qualidade da escrita, que mantém o nível em todo o livro), Mausoléu me agradou bastante.

São 36 contos, sendo a maioria de terror (talvez um ou dois não se enquadrem no gênero). Muitos deles foram publicados em antologias coletivas ao longo de cinco anos (de 2009 a 2013).

Duda tem um estilo com que me identifico. É uma narrativa curta e objetiva, sem muitos rodeios. Mesmo tendo contos concisos, ele consegue criar personagens relativamente complexos e tramas bem elaboradas. Os diálogos, que costumam derrubar alguns escritores que possuem uma boa narrativa, também são bem críveis.

Outra coisa que me agradou no livro foi a variedade de temas. Duda passeia por monstros e personagens clássicos do horror, como vampiros, lobisomens, zumbis e bruxas, mas também cria seus próprios monstros e tramas originais.

Apesar do livro ser apresentado por um personagem chamado Anfitrião, essa criatura zumbimorfa não aparece em nenhum lugar do livro além da capa e de uma breve introdução. As histórias são agrupadas em núcleos temáticos, sempre que possível: histórias baseadas em Edgar Allan Poe, vampiros, lobisomens, zumbis, extraterrestres, fantasia capa-espada e magia negra.



No final do livro, estão alguns dos contos que mais me agradaram, como O Litro de Diamantes, um conto que brinca com elementos da cultura nacional, sobre um espírito vingativo e uma maldição, e Bisão do Sol Poente, um western de horror sobre índios americanos e uma entidade diabólica.

A Pena do Corvo fala sobre um colecionador que compra uma pena (de escrita) com poderes mágicos que teria pertencido a Edgar Allan Poe e sobre como esse objeto leva o seu novo dono a se tornar cada vez mais obcecado pelo autor gótico americano.

Máscaras é um conto sobre uma banda que arruma um novo produtor e imediatamente começa a fazer sucesso. A única obrigação dos componentes da banda é usar uma máscara e manter seu anonimato. É um conto que, inicialmente, te engana. Parece ser uma simples uma história sobre bandas de música levadas ao estrelato devido a um pacto com o demônio. Mas as tais máscaras se revelam muito mais macabras do que você poderia imaginar.

Sonda é um sci-fi de horror envolvendo alienígenas também muito diferente e interessante.

Enfim, como diz o Anfitrião na introdução do livro: “Abra a porta e entre na cripta dos insanos. Durma na pedra fria do mausoléu e tenha pesadelos eternos”. Para adquirir o livro, entre em contato com a editora em argonautaseditora@gmail.com.

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