A INFÂNCIA DE UM LÍDER (2015): Um olhar sobre o filme

A Infância de um Líder (The Childhood of a Leader, 2015) não é exatamente um filme de terror, apesar de ser bastante sombrio. Mas como o Netflix e o banco de dados do cinema IMDB o classificam assim, acho que é minha função escrever sobre o filme, para orientar o leitor deste blog.

O filme, dirigido e coescrito por Brad Corbet, é um ótimo drama e se assemelha bastante a outro filme de drama que é classificado como terror: Anticristo (Antichrist, 2009), de Lars Von Trier. Ambos são ótimos filmes de drama sombrio, divididos em "atos" (como peças de teatro ou óperas) e com bom desfecho.

E, assim como filme de Trier, A Infância de um Líder, te faz ficar o tempo inteiro imaginando quando vai começar o terror propriamente dito. Ambos os filmes te frustram bastante nesse quesito, apesar de Anticristo ser um pouco mais bem sucedido em inserir pequenos elementos de terror.

Por outro lado, a história de A Infância de um Líder é muito boa. Como o próprio título (um grande spoiler aliás) já diz, trata-se da história de uma criança que um dia se tornará um líder.

A maior parte do filme se passa em um período específico da infância desse futuro líder, Charles. Seu pai é um subsecretário de Estado norte-americano que passa meses na Europa ajudando a tecer o Tratado de Versalhes, que define indenizações e compensações para vitoriosos e derrotados na Primeira Guerra Mundial.

Nesse período em que a criança vive com seus pais e alguns criados em uma velha mansão no interior da França, ele vai desenvolvendo uma personalidade que mais tarde o moldará como esse futuro líder. Ele começa a desafiar seus pais e ser agressivo com as pessoas. Por fim, ele se revolta contra a mãe, uma beata, e diz que não crê em orações.

A história gira bastante em torno de questões familiares (como o autoritarismo do pai, o fanatismo religioso da mãe, a criança sem amigos, a opressão familiar, o casamento falido), aliadas à indefinição do futuro em uma Europa quase apocalíptica.

Atenção: spoilers à frente.

O grande terror do filme, na verdade, fica para o final. Com claras referências ao juízo final cristão (a ascensão ao poder de um líder carismático que se revela o Anticristo) e a teorias da conspiração acerca do governo mundial único, as cenas finais mostram que Charles se tornou o grande líder do mundo.

O filme se encerra sem mostrar que estragos esse novo líder fez para a humanidade, mas ao pensar na referência do grande líder carismático que surgiu na Europa no pós-Primeira Guerra, Adolf Hitler, dá para imaginar a destruição que Charles poderá trazer.

Esse, no entanto, é um trabalho de imaginação do espectador, uma vez que o filme se encerra mostrando apenas que tipo de líder Charles se tornou, com uma trilha sonora assustadora e um giro de câmera vertiginoso.

Nesse sentido, alguns críticos comparam A Infância de um Líder com o A Profecia (The Omen, 1976).

Fim dos spoilers

Ah, o filme traz rostos conhecidos como o Robert Pattinson (o vampiro trouxa de Crepúsculo) e Liam Cunningham (o sir Davos de Game of Thrones).

Apesar do terror ser apenas algo subjacente e aparecer apenas no final, ainda assim de forma não aparente, gostei bastante do filme.

CLASSIFICAÇÃO GERAL: Bom.
NÍVEL DE TERROR: Fraquíssimo.
O QUE ESPERAR: Clima dark



DADOS DO FILME:
Título original: The Childhood of a Leader
Subgênero: Maldade Humana/Apocalíptico
Direção: Brad Corbet
Ano: 2015
País: Reino Unido/França/Hungria