A BRUXA (2015): Um olhar sobre o filme

A Bruxa (The Witch - A New England Folktale, 2015) é um filme que eu já estava querendo ver há muito tempo, mas como não fui vê-lo no cinema, só consegui ter acesso a ele recentemente, depois que ele entrou no catálogo do Telecine Play. Isso é apenas para explicar porque a demora em publicar uma resenha sobre esse filme, que foi uma das produções de terror mais comentadas do ano passado (quando entrou no circuito comercial brasileiro).

O filme, como seu próprio subtítulo em inglês já mostra, é uma homenagem do roteirista/diretor Robert Eggers, às lendas de bruxas que povoam o imaginário da Nova Inglaterra (primeira região a ser povoada por ingleses nos Estados Unidos) desde o século 17.

Nos créditos finais do filme, por exemplo, Eggers afirma que o filme foi baseado em várias histórias folclóricas norte-americanas e em casos reais de suposta bruxaria. Muitos dos diálogos do filme, segundo ele, se basearam em diálogos verdadeiros recolhidos de antigos processos legais envolvendo bruxaria.

Nos primórdios da colonização inglesa dos Estados Unidos, na década de 1930, uma família ultrarreligiosa é expulsa de seu assentamento, por desavenças com a igreja local. Pai, mãe e seus filhos são então obrigados a sobreviverem em uma fazenda, longe de outros colonos europeus.

Mas, algum tempo depois, o filho mais novo do casal, um bebê de poucas semanas de vida desaparece enquanto brincava com a filha mais velha. A partir daí, tudo começa a dar muito errado para a família. A colheita vai mal, a família se fragmenta e outros desaparecimentos e mortes se sucedem.

A Bruxa é um filme bem paradão para os padrões do terror. Não espere grandes sustos, suspense ou sangue escorrendo. Tampouco espere ver monstros. E nem dê muito crédito à afirmação de Stephen King de que o filme o assustou demais. Há, sim, uma bruxa que faz umas aparições medonhas. Tem um bode preto (Black Phillip) que é meio assustador. E o demônio tem uma breve participação.

Mas o maior trunfo do filme é que ele tem uma história bem diferente e bem construída, que foge um pouco dos clichês do gênero.

O espectador que gosta de tentar adivinhar o final do filme provavelmente vai se frustrar, porque não é possível saber para onde a trama vai levá-lo (o que é ótimo). O roteirista deixa todas as possibilidades em aberto e o espectador percebe que, já quase no final do filme, ainda não entende muito bem onde o autor quer chegar com aquela história. E essa estratégia de Eggers é genial.

Gostei bastante da forma como filme terminou, mas a cena final é completamente desnecessária e, ao meu ver, extremamente boba. A Bruxa poderia tranquilamente se encerrar na cena anterior. Ah, uma curiosidade. O filme é produzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira.

CLASSIFICAÇÃO GERAL: Bom
NÍVEL DE TERROR: Médio
O QUE ESPERAR: Clima dark e bruxas



DADOS DO FILME:
Título original: The Witch - A New England Folktale
Subgêneros: Sobrenatural/Bruxas/Fanatismo religioso
Direção: Robert Eggers
Ano: 2015
País: EUA/Canadá/Brasil/Reino Unido
Duração: 92 min.