TREVAS, de J. Modesto: Um olhar sobre o livro

É muito bom surpreender-se positivamente com livros de autores nacionais. Trevas, de J. Modesto, é um desses casos. É um bom livro de terror nacional, que mistura crime organizado, artes marciais, Vaticano, vampiros e demônios.

Apesar de aparentemente ser uma grande farofa com esse monte de coisa misturada, o autor tem uma grande capacidade narrativa que faz a história fluir muito bem, sem grandes forçações de barra. Li o livro num fôlego só, de uma forma muito agradável.

O estilo de Modesto lembra muito o de André Vianco (que é inclusive homenageado com uma citação dentro da história), mas seu enredo é melhor construído (com menos furos) do que os normalmente apresentados pelo autor de Os Sete.

Ambientado em São Paulo, Trevas, na verdade, são duas histórias paralelas, que se tocam em alguns momentos do livro, e se encontram no final. Em uma dessas histórias, acompanhamos um "ninja" que quer se vingar de um chefão do crime organizado, responsável pela morte de seus pais e de sua irmãzinha.

Na outra história, acompanhamos um cardeal (braço-direito do Papa) que vem ao Brasil em busca de uma criatura maligna. Para isso, ele se alia a um vampiro que, para cumprir uma promessa ao Vaticano, só se alimenta de bolsas de sangue e de sangue de criminosos.



A única ressalva que faço à história de J. Modesto foi a forma demasiadamente caricata com a qual ele retratou o crime organizado paulista. Em Trevas, o chefão do crime Samuel Macuco parecia mais um gângster estilizado dos Estados Unidos do que um atacadista de drogas brasileiro.

E, apesar de apresentar uma ótima batalha entre forças malignas, o encerramento do livro também fica um pouco a desejar em relação ao final reservado a Macuco. Confesso que fiquei bastante decepcionado com o fim que Modesto destinou ao seu maior vilão.

Em suma, o livro é muito bom e estou muito interessado em ler as outras três obras de J.Modesto.