O Monstro e Outros Contos, publicado em 1932, pela Editora Marissa, é um livro de contos de terror, do escritor clássico brasileiro Humberto de Campos. Ainda que nem todas as histórias sejam exatamente de terror, a maioria delas têm uma atmosfera sombria e um final macabro, ingredientes que eu considero essenciais para boas histórias de horror.
Pelo menos sete contos podem ser considerados de terror em todos os sentidos que essa palavra pode ter. E todos eles são muito bons. A Noiva é uma delas. Curiosamente, essa não tem um final macabro, como quase todos os contos do livro têm. Trata-se de uma história de fantasma construída sobre um fio de cabelo encontrado em um velho livro.
É interessante porque toda a história se desenrola em meio ao sono do protagonista. Ao encontrar um fio loiro feminino em seu exemplar, o homem começa com alguns devaneios e adormece. Ali, ele encontra o espírito da dona do cabelo e ela lhe conta que foi amaldiçoada por causa da perda desse cabelo. O final, como já dito, é um dos mais leves do livro.
Outro conto macabro que se desenrola no sono do personagem e que também tem um final leve (para os padrões do livro) é A Mina. Ao saber que existia a possibilidade de existir um veio de ouro em seu terreno, um coronel fica feliz e manda abrir um buraco no chão. Quando os empregados finalmente encontram o veio do metal, o coronel tem um pesadelo horrível, em que conversa com a Morte.
Além dessas há muitas histórias que não chegam a ser qualificadas como terror, mas são "ficção sombria" principalmente por causa de seus finais macabros, como uma cabeça degolada que recebe um esperado beijo que não recebeu em vida, uma mãe que se mata para cumprir a promessa de que seu filho voltasse vivo da guerra, etc.
Pelo menos uma história não tem nada de mórbido, que é o conto Jesus, que é uma releitura da infância do Salvador.
Os contos de Humberto de Campos têm uma pegada bem rural e trata do Brasil sertanejo e amazônico, sem precisar recorrer ao tradicional folclore nacional. Seus contos são bem autorais e possuem uma atmosfera pessimista e sombria.
Pelo menos sete contos podem ser considerados de terror em todos os sentidos que essa palavra pode ter. E todos eles são muito bons. A Noiva é uma delas. Curiosamente, essa não tem um final macabro, como quase todos os contos do livro têm. Trata-se de uma história de fantasma construída sobre um fio de cabelo encontrado em um velho livro.
É interessante porque toda a história se desenrola em meio ao sono do protagonista. Ao encontrar um fio loiro feminino em seu exemplar, o homem começa com alguns devaneios e adormece. Ali, ele encontra o espírito da dona do cabelo e ela lhe conta que foi amaldiçoada por causa da perda desse cabelo. O final, como já dito, é um dos mais leves do livro.
Outro conto macabro que se desenrola no sono do personagem e que também tem um final leve (para os padrões do livro) é A Mina. Ao saber que existia a possibilidade de existir um veio de ouro em seu terreno, um coronel fica feliz e manda abrir um buraco no chão. Quando os empregados finalmente encontram o veio do metal, o coronel tem um pesadelo horrível, em que conversa com a Morte.
Os Olhos que Comem
Carne talvez seja o conto mais conhecido dessa faceta macabra de Humberto de Campos. Um certo dia, o escritor Paulo Fernandes acorda e percebe que ficou cego. Desesperado, ele busca ajuda e descobre que existe um especialista alemão, que consegue restaurar a visão das pessoas através de um método cirúrgico inovador.
O final do conto é bem macabro! A cirurgia é mal sucedida e, ao tirar a venda dos olhos, tudo o que Paulo Fernandes consegue enxergar são esqueletos. O processo utilizado pelo médico alemão, que usa a mesma ideia daquela aplicada ao raio-x, faz com que os novos olhos do escritor não enxerguem a carne das pessoas. Desconsolado, o Paulo resolve acabar com aquilo de uma forma bem gore.
O Juramento e Vingança são duas histórias passadas no meio da selva que também tem finais bem sanguinolentos, parecidos com histórias de Eli Roth. Em O Juramento, durante uma conversa de bar, um velho relata um acontecimento de 30 anos atrás, quando uma jovem recusou seu pedido de casamento.
Quis o destino que logo após a recusa do casamento, o velho (que tinha 40 anos na época), a mulher e seu pai estivessem em uma expedição pela floresta (junto com outros dois serviçais do velho) quando foram sequestrados por índios canibais. Ali, naquele momento em que os índios começaram a comer os cativos, o velho sente prazer em ter uma espécie de vingança consumada, mesmo vendo a possibilidade de ele mesmo ser a vítima. O final é de embrulhar o estômago.
Vingança, como o nome já diz, também traz uma vingança. Mas é uma vingança de marido traído. Um seringueiro que vive com sua mulher no meio da mata começa a desconfiar que o dono daquelas terras está tendo um caso com sua mulher. Então, eles combinam de sair numa caçada à noite.
Eles sobem numa árvore e o o seringueiro traído amarra o pé do fazendeiro, empurrando-o galho abaixo. E ele espera que as onças cheguem para devorar o traidor.
Para não ficar sozinha em uma vila abandonada por retirantes, uma doente senhora que não tem qualquer roupa, resolve profanar um túmulo para roubar uma roupa e poder seguir com os outros para fora da vila.
Quis o destino que logo após a recusa do casamento, o velho (que tinha 40 anos na época), a mulher e seu pai estivessem em uma expedição pela floresta (junto com outros dois serviçais do velho) quando foram sequestrados por índios canibais. Ali, naquele momento em que os índios começaram a comer os cativos, o velho sente prazer em ter uma espécie de vingança consumada, mesmo vendo a possibilidade de ele mesmo ser a vítima. O final é de embrulhar o estômago.
Vingança, como o nome já diz, também traz uma vingança. Mas é uma vingança de marido traído. Um seringueiro que vive com sua mulher no meio da mata começa a desconfiar que o dono daquelas terras está tendo um caso com sua mulher. Então, eles combinam de sair numa caçada à noite.
Eles sobem numa árvore e o o seringueiro traído amarra o pé do fazendeiro, empurrando-o galho abaixo. E ele espera que as onças cheguem para devorar o traidor.
Para não ficar sozinha em uma vila abandonada por retirantes, uma doente senhora que não tem qualquer roupa, resolve profanar um túmulo para roubar uma roupa e poder seguir com os outros para fora da vila.
Outras histórias de terror clássico são Retirantes (sobre uma mulher que precisa sair com os retirantes de sua vila mas não tem mais nenhuma peça de roupa e, por isso, resolve profanar um túmulo para conseguir sua vestimenta) e Herodes (sobre um médico que quer todas as mulheres do mundo e resolve eliminar todos os seus potenciais adversários, ou seja, homens, mesmo que tenham acabado de nascer).
Além dessas há muitas histórias que não chegam a ser qualificadas como terror, mas são "ficção sombria" principalmente por causa de seus finais macabros, como uma cabeça degolada que recebe um esperado beijo que não recebeu em vida, uma mãe que se mata para cumprir a promessa de que seu filho voltasse vivo da guerra, etc.
Pelo menos uma história não tem nada de mórbido, que é o conto Jesus, que é uma releitura da infância do Salvador.
Os contos de Humberto de Campos têm uma pegada bem rural e trata do Brasil sertanejo e amazônico, sem precisar recorrer ao tradicional folclore nacional. Seus contos são bem autorais e possuem uma atmosfera pessimista e sombria.