O Vilarejo é o terceiro livro de Raphael Montes, autor brasileiro que ganhou o mundo com seu romance policial/terror Dias Perfeitos. Trata-se de um romance fix-up, nome pomposo para uma coletânea de contos cujas histórias se entrelaçam como em um romance (coisas já feitas por clássicos como As Mil e uma Noites).
É um livro bem curto, com menos de 100 páginas, com contos pequenos e ilustrado. As sete histórias se passam em um vilarejo localizado em algum lugar não definido do Leste Europeu, em um período histórico também desconhecido.
As histórias em si são bem interessantes (apesar de se repetirem um pouco em seus temas) e falam sobre sete episódios ocorridos com moradores do tal vilarejo durante um período difícil de guerra, frio intenso (que destrói as lavouras) e fome. Algumas histórias se passam em um período pré-guerra e fome (mas têm ligações com tempo da fome no vilarejo).
O clima das histórias é daqueles contos de fadas sombrios medievais. O vilarejo e a caracterização dos personagens nos remete às histórias dos irmãos Grimm (como a atriz Fernanda Torres bem diz em um comentário impresso na capa do livro).
É um terror bem cru e mórbido, que envolve temas como infanticídio, canibalismo, vingança e pecados. Cada história recebe o nome de um demônio e se associa com um dos sete pecados capitais. Não conseguiria destacar algum conto como o melhor/pior do livro. Todos eles têm mais ou menos o mesmo ritmo (sendo um pouco repetitivos até) e o mesmo nível.
Mas se eu precisar destacar alguns, eu diria que um deles é o primeiro conto: Belzebu. O motivo é simples. Ele é o primeiro e, como você ainda não sabe o que esperar do livro, você se choca um pouco. Ao ler os demais, você já está preparado para o ritmo do livro e não se choca mais.
Outro destaque é o último conto: Satan. O destaque se dá principalmente por ser a história que explica todo o livro e dá a coesão a O Vilarejo.
Eu destacaria como ponto fraco do livro, no entanto, a tentativa de Montes de convencer o leitor de que as histórias são reais. Mas ele é tão pouco convincente que eu quase larguei o livro antes de começar a ler (o que seria uma pena, tendo em vista que as histórias são muito boas e sua narrativa flui muito bem).
Montes conta no prefácio do livro que O Vilarejo é, na verdade, um manuscrito encontrado em um sebo do Rio de Janeiro, que foi escrito em cimério ("uma língua morta e desconhecida") por uma mulher de mais de 100 anos chamada Elfrida Pimmintoffer.
Curioso, o autor então procura um especialista em cimério para traduzir aquilo e encontra um especialista chamado Uzzi Tuzzi, que se recusa a fazer a tradução por ser um conteúdo muito perturbador e recomenda Montes a descartar aquilo. Então, depois de muita insistência por parte do autor, o professor dá um dicionário a Montes e ele começa a traduzir os textos (de uma língua morta e desconhecida) sozinho.
A primeira questão que se encontra é, mesmo que Montes seja um prodígio da linguística, duvido muito que, aos 20 e poucos anos, ele conseguisse, em pouco tempo, traduzir manuscritos de uma língua extinta com apenas o uso de um dicionário (isso é praticamente impossível, se duvida tenta fazer isso você mesmo). Seria mais crível se Uzzi Tuzzi tivesse traduzido e depois recomendado Montes a descartar o material antes de ler ou de divulgar (sei lá!).
A segunda questão que se coloca é, por mais que as histórias envolvam os lados mais macabros dos seres humanos, não são tão perturbadoras a ponto de um pesquisador universitário se cagar de medo.
No posfácio, Montes também tenta fazer algo diferente, mas desta vez ele acerta, porque realmente faz algo muito raro na literatura. Ele usa uma foto para dar sentido ao texto. Ele não usa a imagem apenas para ilustrar, mas a usa como se fosse um parágrafo essencial do texto. Sem a foto, o texto fica incompleto.
Para explicar ao leitor, Raphael conta no prefácio que pediu à neta de Elfrida que enviasse uma foto de sua avó. E ele encerra o livro dizendo algo como "e a foto que ela enviou foi essa..." (não exatamente com essas palavras) e coloca a foto em seguida. Achei legal a inovação.
E é através da foto que você compreende a relação que Elfrida tem com as histórias.
É um livro bem curto, com menos de 100 páginas, com contos pequenos e ilustrado. As sete histórias se passam em um vilarejo localizado em algum lugar não definido do Leste Europeu, em um período histórico também desconhecido.
As histórias em si são bem interessantes (apesar de se repetirem um pouco em seus temas) e falam sobre sete episódios ocorridos com moradores do tal vilarejo durante um período difícil de guerra, frio intenso (que destrói as lavouras) e fome. Algumas histórias se passam em um período pré-guerra e fome (mas têm ligações com tempo da fome no vilarejo).
O clima das histórias é daqueles contos de fadas sombrios medievais. O vilarejo e a caracterização dos personagens nos remete às histórias dos irmãos Grimm (como a atriz Fernanda Torres bem diz em um comentário impresso na capa do livro).
É um terror bem cru e mórbido, que envolve temas como infanticídio, canibalismo, vingança e pecados. Cada história recebe o nome de um demônio e se associa com um dos sete pecados capitais. Não conseguiria destacar algum conto como o melhor/pior do livro. Todos eles têm mais ou menos o mesmo ritmo (sendo um pouco repetitivos até) e o mesmo nível.
Mas se eu precisar destacar alguns, eu diria que um deles é o primeiro conto: Belzebu. O motivo é simples. Ele é o primeiro e, como você ainda não sabe o que esperar do livro, você se choca um pouco. Ao ler os demais, você já está preparado para o ritmo do livro e não se choca mais.
Outro destaque é o último conto: Satan. O destaque se dá principalmente por ser a história que explica todo o livro e dá a coesão a O Vilarejo.
Eu destacaria como ponto fraco do livro, no entanto, a tentativa de Montes de convencer o leitor de que as histórias são reais. Mas ele é tão pouco convincente que eu quase larguei o livro antes de começar a ler (o que seria uma pena, tendo em vista que as histórias são muito boas e sua narrativa flui muito bem).
Montes conta no prefácio do livro que O Vilarejo é, na verdade, um manuscrito encontrado em um sebo do Rio de Janeiro, que foi escrito em cimério ("uma língua morta e desconhecida") por uma mulher de mais de 100 anos chamada Elfrida Pimmintoffer.
Curioso, o autor então procura um especialista em cimério para traduzir aquilo e encontra um especialista chamado Uzzi Tuzzi, que se recusa a fazer a tradução por ser um conteúdo muito perturbador e recomenda Montes a descartar aquilo. Então, depois de muita insistência por parte do autor, o professor dá um dicionário a Montes e ele começa a traduzir os textos (de uma língua morta e desconhecida) sozinho.
A primeira questão que se encontra é, mesmo que Montes seja um prodígio da linguística, duvido muito que, aos 20 e poucos anos, ele conseguisse, em pouco tempo, traduzir manuscritos de uma língua extinta com apenas o uso de um dicionário (isso é praticamente impossível, se duvida tenta fazer isso você mesmo). Seria mais crível se Uzzi Tuzzi tivesse traduzido e depois recomendado Montes a descartar o material antes de ler ou de divulgar (sei lá!).
A segunda questão que se coloca é, por mais que as histórias envolvam os lados mais macabros dos seres humanos, não são tão perturbadoras a ponto de um pesquisador universitário se cagar de medo.
No posfácio, Montes também tenta fazer algo diferente, mas desta vez ele acerta, porque realmente faz algo muito raro na literatura. Ele usa uma foto para dar sentido ao texto. Ele não usa a imagem apenas para ilustrar, mas a usa como se fosse um parágrafo essencial do texto. Sem a foto, o texto fica incompleto.
Para explicar ao leitor, Raphael conta no prefácio que pediu à neta de Elfrida que enviasse uma foto de sua avó. E ele encerra o livro dizendo algo como "e a foto que ela enviou foi essa..." (não exatamente com essas palavras) e coloca a foto em seguida. Achei legal a inovação.
E é através da foto que você compreende a relação que Elfrida tem com as histórias.