O HORROR DE DUNWICH, de H.P. Lovecraft: Resenha de livro

O Horror de Dunwich (Ed. Hedra) é um curto livro, de 106 páginas, que reúne três contos de H.P. Lovecraft. Além de O Horror de Dunwich, que é uma história mais longa, há dois contos bem curtinhos: História do Necronomicon e O Sabujo.

Os três contos têm em comum o fato de estarem inseridos no universo mítico de Cthulhu e citar o livro fictício Necronomicon, que aparece em boa parte das histórias de Lovecraft.

Publicado originalmente em 1929, o conto de abertura, que dá nome ao livro, se passa no vilarejo de Dunwich, onde, no passado, colonos vindo da cidade de Salem (aquela das bruxas) se instalaram e começaram a adorar o demônio. Dois séculos depois, a albina Lavinia Whateley, dá á luz um bebê de pai desconhecido. Os dois vivem com o pai de Lavinia, o Velho Whateley.

Todos no vilarejo conhecem a história e acham que há algo errado com a família. O menino se desenvolve muito rápido. Começa a andar depressa e a falar precocemente. Aos 11 meses, falava como uma criança bem desenvolvida de quatro anos.

E, conforme o pequeno Wilbur vai crescendo, o pessoal do vilarejo vai percebendo estranhos fenômenos. O menino, então, passa a se interessar por estudos ocultos, sob os auspícios de seu avô. Já mais velho, o jovem começa sua busca por um exemplar da versão latina do livro maldito Necronomicon.

Quando ele recorre à universidade de Arkham, o professor Armitage se recusa a deixá-lo levar o livro. Depois disso, os episódios de horror em Dunwich se intensificam. Armitage e outros colegas decidem investigar e dar um basta naquela loucura.

O Horror de Dunwich é mais um conto cheio de clichês lovecraftianos, como as evocações a deuses antigos, os adjetivos em excesso, os fedores que antecedem as ocorrências sobrenaturais, um vilarejo com passado obscuro, a menção a Salem, a busca humana pelo oculto entre outras coisas.

Por outro lado, Lovecraft consegue descrever ambientes sombrios e construir uma narrativa onde o medo vai sendo implantado gradativamente no leitor. A leitura é um pouco pesada, pelo excesso de adjetivos e pelas gírias dos moradores do vilarejo, mas seus contos apresentam tudo o que um leitor pode esperar de histórias de terror.



O Sabujo, publicado originalmente em 1922, é um dos primeiros contos do chamado ciclo Arkham (ou dos contos de Cthulhu) de Lovecraft. O Sabujo traz também a primeira menção ao livro Necronomicon. Ou seja, é a primeira vez que o livro aparece numa história. Só isso já vale a leitura do conto. Trata-se da história de uma dupla de profanadores de túmulos (que Lovecraft chama de ghouls).

Ao profanarem o túmulo de um ghoul morto há 500 anos, eles encontram um amuleto citado no Necronomicon. Mas ao levarem isso para sua casa, estranhos acontecimentos começam a assustar os dois. O conto é bem curtinho. Leitura para 20 ou 30 minutos.

Por fim, História do Necronomicon não é exatamente uma narrativa. É apenas um curto texto que explica o que é o tal livro e como ele surgiu. Foi publicado originalmente em 1938, portanto, depois da morte do autor em 1937.

Se Necronomicon fosse real, o texto seria classificado como um ensaio ou artigo. Mas, como o livro é fictício, História de Necronomicon é um ensaio fictício. É um texto explicativo, que conta a história do livro. Não sei se consideraria um conto ou não.

Como bônus, o livro da Editora Hedra traz também duas cartas escritas por Lovecraft.