O Caso de Charles Dexter Ward (The Case of Charles Dexter Ward) é considerado o único romance (na verdade, é um conto mais longo) do criador dos Mitos de Cthulhu, H.P. Lovecraft. Foi publicado originalmente em duas partes em uma revista, quatro anos depois da morte do escritor, em 1941.
Foi justamente essa versão original de 40 mil palavras que eu li mais recentemente (também já tinha lido a tradução brasileira da LP&M há mais de 15 anos). Essa versão original foi publicada, em uma versão mais curta, nas edições de maio e julho da "Weird Tales", revista que publicou e republicou a maioria das histórias de Lovecraft, a partir da segunda metade da década de 1920.
A versão mais longa da história, já unida em um único volume, foi publicada em 1943, na coletânea Beyond the Wall of Sleep, da Arkham House.
A versão da Weird Tales é muito legal, não só porque é a primeira vez que essa história, escrita em 1927, viu a luz do dia, mas também porque a revista conta como eles "descobriram" esse que eles chamam de "o último dos [manuscritos de] Lovecraft".
Segundo a revista, os manuscritos foram encontrados pelos dois fundadores da Arkham House, August Derleth e Donald Dandrei, depois de uma extensiva pesquisa, espalhados em velhos sótãos, caixas e escrivaninhas.
O Caso de Charles Dexter Ward conta como o tal Ward, um jovem entusiasta de antiguidades, aparentemente começa a ficar obcecado por ocultismo e enlouquece, depois de pesquisar a história de seus antepassados.
O Caso de Charles Dexter Ward está inserido no universo dos mitos de Cthulhu. A linguagem, do início do século passado, é um pouco pesada, ao estilo de romances góticos. Aliás, como são todas as histórias de Lovecraft.
O autor é um especialista em utilizar adjetivos (à exaustão) para buscar uma atmosfera sombria. Eu, pessoalmente, como sou da escola da escrita jornalística, sou um grande crítico à adjetivação exagerada. Mas, Lovecraft só é Lovecraft, por causa de seus adjetivos (e orações com carga adjetivadora) em excesso. Eles, afinal, são essenciais para que o leitor sinta o clima da história.
Como em: "Era um som ímpio; um daqueles ultrajes relaxados e insidiosos da natureza que não deveriam existir. Chamar isso de um lamento maçante, um choramingar trazido pela condenação, ou um uivo desesperançado de um coro angustiado e carnes feridas sem mente seria ignorar suas repugnâncias quintessenciais e sua harmonia que adoece a alma".
Esse é só um exemplo de vários que você encontra ao longo da história. Cansa de ler tanto adjetivo, mas é eficaz na proposta.
A narrativa, em terceira pessoa, é feita no passado. Mas há dois passados. O passado imediato, focado na vida de Charles Dexter Ward. E um passado mais remoto, focado na vida do antepassado de Ward, Joseph Curwen.
A parte relacionada à vida de Curwen é mais difícil de ler, porque se baseia em documentos e pesquisas feitas por Ward. Essa parte da história, que consome menos da metade da narrativa, é mais maçante, mas é essencial para se entender o que acontecer com Ward.
A parte da narrativa ambientada no passado mais imediato é mais interessante. E nessa, inclusive, que Lovecraft escreve a melhor parte da história, em que o médico da família, dr. Willett, começa a se aventurar na cabana onde Ward fazia seus experimentos ocultos.
A cabana esconde porões labirínticos, que um assustado Willett explora. A sensação que se tem é de estar jogando Doom. São inúmeros corredores, cômodos, celas e poços, com vários elementos misteriosos. No fundo, sons angustiados são ouvidos.
Mais uma vez, é a melhor sequência narrativa da história.
O final da história, que envolve vampirismo, invocação de espíritos e possessão, no entanto, fica um pouco a desejar.
HISTÓRICO DE PUBLICAÇÃO:
A história foi originalmente publicada em duas partes, em versão reduzida, na revista nova-iorquina Weird Tales, em suas edições de maio e julho de 1941. Depois, já ampliada, foi publicada na coletânea Beyond the Wall of Sleep, em 1943. Apenas em 1951, foi publicada como um livro solo pela Editora Gollancz. No Brasil, o livro foi publicado pela LP&M e pela Editora Hedra.
Foi justamente essa versão original de 40 mil palavras que eu li mais recentemente (também já tinha lido a tradução brasileira da LP&M há mais de 15 anos). Essa versão original foi publicada, em uma versão mais curta, nas edições de maio e julho da "Weird Tales", revista que publicou e republicou a maioria das histórias de Lovecraft, a partir da segunda metade da década de 1920.
A versão mais longa da história, já unida em um único volume, foi publicada em 1943, na coletânea Beyond the Wall of Sleep, da Arkham House.
A versão da Weird Tales é muito legal, não só porque é a primeira vez que essa história, escrita em 1927, viu a luz do dia, mas também porque a revista conta como eles "descobriram" esse que eles chamam de "o último dos [manuscritos de] Lovecraft".
Segundo a revista, os manuscritos foram encontrados pelos dois fundadores da Arkham House, August Derleth e Donald Dandrei, depois de uma extensiva pesquisa, espalhados em velhos sótãos, caixas e escrivaninhas.
O Caso de Charles Dexter Ward conta como o tal Ward, um jovem entusiasta de antiguidades, aparentemente começa a ficar obcecado por ocultismo e enlouquece, depois de pesquisar a história de seus antepassados.
O Caso de Charles Dexter Ward está inserido no universo dos mitos de Cthulhu. A linguagem, do início do século passado, é um pouco pesada, ao estilo de romances góticos. Aliás, como são todas as histórias de Lovecraft.
O autor é um especialista em utilizar adjetivos (à exaustão) para buscar uma atmosfera sombria. Eu, pessoalmente, como sou da escola da escrita jornalística, sou um grande crítico à adjetivação exagerada. Mas, Lovecraft só é Lovecraft, por causa de seus adjetivos (e orações com carga adjetivadora) em excesso. Eles, afinal, são essenciais para que o leitor sinta o clima da história.
Como em: "Era um som ímpio; um daqueles ultrajes relaxados e insidiosos da natureza que não deveriam existir. Chamar isso de um lamento maçante, um choramingar trazido pela condenação, ou um uivo desesperançado de um coro angustiado e carnes feridas sem mente seria ignorar suas repugnâncias quintessenciais e sua harmonia que adoece a alma".
Esse é só um exemplo de vários que você encontra ao longo da história. Cansa de ler tanto adjetivo, mas é eficaz na proposta.
A narrativa, em terceira pessoa, é feita no passado. Mas há dois passados. O passado imediato, focado na vida de Charles Dexter Ward. E um passado mais remoto, focado na vida do antepassado de Ward, Joseph Curwen.
A parte relacionada à vida de Curwen é mais difícil de ler, porque se baseia em documentos e pesquisas feitas por Ward. Essa parte da história, que consome menos da metade da narrativa, é mais maçante, mas é essencial para se entender o que acontecer com Ward.
A parte da narrativa ambientada no passado mais imediato é mais interessante. E nessa, inclusive, que Lovecraft escreve a melhor parte da história, em que o médico da família, dr. Willett, começa a se aventurar na cabana onde Ward fazia seus experimentos ocultos.
A cabana esconde porões labirínticos, que um assustado Willett explora. A sensação que se tem é de estar jogando Doom. São inúmeros corredores, cômodos, celas e poços, com vários elementos misteriosos. No fundo, sons angustiados são ouvidos.
Mais uma vez, é a melhor sequência narrativa da história.
O final da história, que envolve vampirismo, invocação de espíritos e possessão, no entanto, fica um pouco a desejar.
HISTÓRICO DE PUBLICAÇÃO:
A história foi originalmente publicada em duas partes, em versão reduzida, na revista nova-iorquina Weird Tales, em suas edições de maio e julho de 1941. Depois, já ampliada, foi publicada na coletânea Beyond the Wall of Sleep, em 1943. Apenas em 1951, foi publicada como um livro solo pela Editora Gollancz. No Brasil, o livro foi publicado pela LP&M e pela Editora Hedra.