MÉXICO BÁRBARO (2014): Resenha de filme

México Bárbaro (2014) é uma antologia de oito curtas de terror produzidos por talentosos diretores mexicanos. De uma forma geral, a coletânea, que reúne histórias de terror baseadas em lendas mexicanas (e no horror do cotidiano) é muito boa.

Primeiro, as histórias são bem contadas e bem produzidas. Segundo, porque temos contato com a cultura mexicana sem o filtro etnocêntrico e preconceituoso de Hollywood. É claro que há curtas muito bons e outros nem tanto.

O conto de abertura, Tzompantli, dirigido por Laurette Flores Born, traça um interessante paralelo entre o passado sanguinário dos aztecas e o presente sanguinolento dos cartéis de drogas mexicanos contemporâneos. O filme conta a história de um jornalista que está escrevendo uma reportagem sobre um massacre e consegue uma entrevista exclusiva com um narcotraficante envolvido no episódio.

Em resumo,  o traficante conta que as pessoas foram mortas em um ritual para agradar aos deuses ancestrais e fortalecer o grupo criminoso. O tzompantli em questão é um macabro altar azteca onde as cabeças dos inimigos sacrificados eram empaladas.

A história vai sendo contada em um ritmo de suspense muito bom, mas o final é um pouco decepcionante (algo que acontece com a maioria dos curtas de México Bárbaro).

Meus favoritos são Siete Veces Siete e Drena. Siete veces siete é uma expressão relacionada ao ato de perdoar. Um homem que teve sua família morta por um amigo quer sua vingança. O que acontece é que o algoz da família acaba morto. Não está muito claro como o amigo morre, mas o homem quer sua vingança de qualquer jeito.

Então, ele arrasta o corpo do algoz de sua família para o deserto e faz um ritual para ressuscitá-lo. Inicialmente, o assassino ressuscita como um zumbi irracional, mas, aos poucos, ele acaba recuperando a razão. Só então, o homem resolve se vingar do amigo. A premissa é muito interessante. O final é um pouco enigmático e eu juro que fiquei esperando uma vingança mais macabra, mas o filme foi bom de qualquer jeito.

Drena conta a história, muito simples, aliás, de uma garota que encontra um cigarro (de maconha?) nas mãos de um cadáver largado em uma cova aberta. Ela resolve roubar o cigarro e fumá-lo. No meio de sua onda, ela vê uma criatura meio assustadora meio grotesca que diz que ela tem 12 horas para recolher o sangue da menstruação de sua irmã. Caso contrário, ele voltará para roubar sua alma. O final também é um pouco brochante.

O mais fraco é, sem dúvida, La Cosa Más Preciada. Apesar da fotografia ótima, a história é bem ruim. Um casal de jovens aluga uma cabana num hotel no meio da floresta para que a menina perca sua virgindade. Mas eles não contavam com umas criaturinhas asquerosas que gostam de roubar coisas e cismam com a menina. É cômico e nojento ao mesmo tempo.

Já o mais pesado é Lo que Importa Es lo de Adentro, curta bem dark que envolve uma menina autista, uma mãe sem paciência, um mendigo "amigo" da vizinhança, pedofilia, necrofilia e gore.

É muito bom ver ótimas produções latinoamericanas de terror.

AVALIAÇÃO GERAL: Bom
NÍVEL DE TERROR: Médio
O QUE ESPERAR: De tudo um pouco



DADOS DO FILME:
Título original: México Bárbaro
Subgênero: Antologia
Direção: Vários
Ano: 2014
País: México
Duração: 114 minutos