CANIBAIS (2013): Resenha de filme

O diretor e produtor Eli Roth tem um estilo marcante de fazer terror. E sua principal marca são as cenas de violência marcadas por muito sangue e uma crueldade sem limites. Tudo isso sempre em planos fechados, bem fechados, durante as cenas de tortura.

Canibais (The Green Inferno, 2013) não foge à regra. É um O Albergue (2005) transposto para a selva amazônica. A história é a seguinte: um grupo de estudantes universitários ativistas de Nova York decide viajar para a Amazônia peruana para impedir a destruição da mata e a morte/expulsão de uma tribo nativa por uma empresa que quer explorar gás natural.

O grupo vai até lá, bem no meio da inóspita floresta tropical (onde só chega de barco ou helicóptero), e consegue causar um incômodo na empresa. Através da transmissão ao vivo, por meio de telefones celulares conectados por satélite, os jovens fazem com que os trabalhos sejam momentaneamente interrompidos.

Felizes da vida com seu sucesso, os jovens embarcam em um pequeno avião monomotor para sair da floresta. No entanto, nesse voo de volta, o avião cai no meio da selva.

Os sobreviventes, ainda atordoados com a queda, têm então que lidar com uma tribo de canibais. Por acaso, a mesma tribo que eles se empenharam em salvar. Pelo trailer e pelo nome brasileiro do filme, dá para se ter uma ideia do que vai acontecer com o grupo.

Quem for assistir, já saiba o que esperar: gore ao extremo. Mas apenas isso. Se o objetivo do filme é apenas explorar a violência extrema, ele o faz muito bem. O espectador médio vai sentir uma certa repulsa. O sádico vai se sentir satisfeito. E o mais sensível pode ter alguma ânsia de vômito. Os efeitos especiais das cenas são muito bem feitos.

O enredo não traz nada de novo. Parece apenas um remake ou reboot do clássico italiano Holocausto Canibal (1980). O próprio diretor já afirmou que Canibais é uma homenagem ao filme de Ruggero Deodato.

O curioso é que, apesar das cenas violentas serem muito bem feitas, as cenas triviais, como as passadas na universidade, se parecem com a de um filme amador.

Também há uma série de furos. A tribo canibal, aparentemente, tem pouco ou nenhum contato com a civilização (até por ser canibal). No entanto, vemos bois e porcos na aldeia. Ora, como os índios conseguiram os animais e aprenderam a cuidar deles?

Outro furo. Para chegar ao local onde está a floresta está sendo desmatada (e onde obviamente moram os índios canibais), os ativistas precisam ir de avião até uma cidade pequena, pegar um triciclo e depois fazer uma viagem de barco.

No entanto, depois de impedir o desmatamento, os jovens simplesmente sobem em um avião e voam de volta para a civilização. Se havia uma pista de pouso perto do local do desmatamento, por que eles não voaram diretamente até lá?

O avião então decolou e voou por algum tempo, antes de sofrer o acidente. Mas, por incrível que pareça, mesmo depois de voando por algum tempo (o que provavelmente significa que ele percorreu vários quilômetros), o avião caiu justamente perto da aldeia dos índios canibais. Ora, se eles estavam ao lado da aldeia quando pegaram o avião, como a aeronave, depois de percorrer vários quilômetros, caiu ao lado da mesma aldeia?

Bem, pode ser que eu tenha entendido errado. Ou pode ser que o diretor tenha omitido algumas cenas que pudessem me fazer entender essa doideira.

De qualquer forma, há outros furos, que não vou descrever para não estragar o filme.

AVALIAÇÃO GERAL: Regular
NÍVEL DE TERROR: Médio
O QUE ESPERAR: Gore, canibalismo e violência



DADOS DO FILME
Título original: The Green Inferno
Subgênero: Gore
Direção: Eli Roth
Ano: 2013
País: EUA/Chile/Canadá
Duração: 100 minutos