Pelos próximos três dias, publicarei farei análises sobre a trilogia de Zé do Caixão, começando pelo primeiro filme: À Meia-Noite Levarei sua Alma (1964).
O filme, dirigido por José Mojica Marins, é o primeiro longa-metragem em que aparece o personagem Zé do Caixão (vivido pelo próprio diretor), que virou um ícone do cinema brasileiro. Foi também meu primeiro contato com a obra de Mojica.
O filme, em preto e branco, foi lançado em novembro de 1964, portanto, nos primórdios da ditadura militar. A trama envolve uma história de desejo doentio de um agente funerário, Zé do Caixão, de gerar um filho para perpetuar a sua linhagem.
A história é meio esquisita, mas a coisa mais legal do filme é justamente o personagem de Zé do Caixão. Tudo bem que, às vezes, o roteiro é meio infantil ao retratar o agente funerário: Zé é um vilão estereotipado que faz malvadezas e machuca as pessoas, sem que ninguém consiga dar uma lição nele.
Todos têm medo do homem que usa uma cartola e uma capa preta. Ele passa a mão na garçonete, decepa os dedos do adversário no jogo de pôquer, tenta estuprar a noiva do amigo, chama de "covarde" todos os homens que estão no bar etc. Quando alguém tenta enfrentá-lo, Zé simplesmente dá uns golpes de caratê e machuca o pobre coitado. Acho que Mojica poderia tentar conceber um vilão menos estereotipado.
De qualquer forma, tirando esse ponto fraco, Zé do Caixão é um personagem interessante e, imagino que, na época em que o filme foi lançado, era extremamente singular. Um agente funerário ateu que desdenha da fé das pessoas e que, por não acreditar na vida após a morte, é obcecado em imortalizar-se através de uma linhagem biológica.
Mais do que qualquer coisa, Zé quer gerar um filho. Ele teme que sua extinção, caso não tenha deixado um herdeiro, sangue de seu sangue, no mundo.
Zé também se acha mais forte do que os demais (talvez por isso fique praticando malvadezas por aí) justamente por ser cético. Para ele, a fé enfraquece e amedronta as pessoas. Ele se sente livre e acredita que vale tudo para conseguir o que quer. Não há limites para que ele imponha sua vontade.
Logo no início do filme, Zé acha que Teresinha não lhe dá atenção porque ele é casado com Lenita. Mas, como Lenita não é capaz de gerar um filho, Zé acha melhor se livrar dela. E aí começa uma série de assassinatos cometidos pelo personagem de Mojica.
No meio do caminho, uma cigana vidente começa a fazer previsões macabras sobre Zé do Caixão e ele começa a ter visões. Não se sabe até esse momento se suas visões são os espíritos dos mortos querendo se vingar ou se é sua consciência tendo um ataque de arrependimento.
Os cenários do filme são bem macabros, mas o grande trunfo técnico do filme são os efeitos sonoros. Os gritos no início do longa, por exemplo, são perturbadores.
Como lado negativo, temos diálogos ingênuos e atuações ruins.
AVALIAÇÃO GERAL: Bom
NÍVEL DE TERROR: Fraco
O QUE ESPERAR: Clima dark e violência
DADOS DO FILME:
Título original: À Meia-Noite Levarei sua Alma
Direção: José Mojica Marins
Ano: 1964
País: Brasil
Duração: 84 minutos
O filme, dirigido por José Mojica Marins, é o primeiro longa-metragem em que aparece o personagem Zé do Caixão (vivido pelo próprio diretor), que virou um ícone do cinema brasileiro. Foi também meu primeiro contato com a obra de Mojica.
O filme, em preto e branco, foi lançado em novembro de 1964, portanto, nos primórdios da ditadura militar. A trama envolve uma história de desejo doentio de um agente funerário, Zé do Caixão, de gerar um filho para perpetuar a sua linhagem.
A história é meio esquisita, mas a coisa mais legal do filme é justamente o personagem de Zé do Caixão. Tudo bem que, às vezes, o roteiro é meio infantil ao retratar o agente funerário: Zé é um vilão estereotipado que faz malvadezas e machuca as pessoas, sem que ninguém consiga dar uma lição nele.
Todos têm medo do homem que usa uma cartola e uma capa preta. Ele passa a mão na garçonete, decepa os dedos do adversário no jogo de pôquer, tenta estuprar a noiva do amigo, chama de "covarde" todos os homens que estão no bar etc. Quando alguém tenta enfrentá-lo, Zé simplesmente dá uns golpes de caratê e machuca o pobre coitado. Acho que Mojica poderia tentar conceber um vilão menos estereotipado.
De qualquer forma, tirando esse ponto fraco, Zé do Caixão é um personagem interessante e, imagino que, na época em que o filme foi lançado, era extremamente singular. Um agente funerário ateu que desdenha da fé das pessoas e que, por não acreditar na vida após a morte, é obcecado em imortalizar-se através de uma linhagem biológica.
Mais do que qualquer coisa, Zé quer gerar um filho. Ele teme que sua extinção, caso não tenha deixado um herdeiro, sangue de seu sangue, no mundo.
Zé também se acha mais forte do que os demais (talvez por isso fique praticando malvadezas por aí) justamente por ser cético. Para ele, a fé enfraquece e amedronta as pessoas. Ele se sente livre e acredita que vale tudo para conseguir o que quer. Não há limites para que ele imponha sua vontade.
Logo no início do filme, Zé acha que Teresinha não lhe dá atenção porque ele é casado com Lenita. Mas, como Lenita não é capaz de gerar um filho, Zé acha melhor se livrar dela. E aí começa uma série de assassinatos cometidos pelo personagem de Mojica.
No meio do caminho, uma cigana vidente começa a fazer previsões macabras sobre Zé do Caixão e ele começa a ter visões. Não se sabe até esse momento se suas visões são os espíritos dos mortos querendo se vingar ou se é sua consciência tendo um ataque de arrependimento.
Os cenários do filme são bem macabros, mas o grande trunfo técnico do filme são os efeitos sonoros. Os gritos no início do longa, por exemplo, são perturbadores.
Como lado negativo, temos diálogos ingênuos e atuações ruins.
AVALIAÇÃO GERAL: Bom
NÍVEL DE TERROR: Fraco
O QUE ESPERAR: Clima dark e violência
DADOS DO FILME:
Título original: À Meia-Noite Levarei sua Alma
Direção: José Mojica Marins
Ano: 1964
País: Brasil
Duração: 84 minutos