Algumas pessoas acham um sacrilégio fazer remakes/reboots de clássicos do cinema. Como superar um filme que fez tanto sucesso no passado? Será que vão estragar a história?
Pessoalmente, não tenho nada contra quem pense assim. Mas eu penso diferente. Acho que remakes não foram feitos para superar os originais. São apenas uma outra forma de contar aquela história. Às vezes, apenas sua reambientação em outro tempo ou lugar. Remakes tampouco são capazes de estragar o original (até porque isto é fisicamente impossível).
Remake e original são duas peças cinematográficas independentes uma da outra. E devem ser assim avaliadas.
No entanto, acho que comparações podem ser feitas (e acho até que são inevitáveis). Por isso, inauguro no blog a sessão de resenhas comparativas de filmes (original vs remake). E nada como iniciar esse trabalho com aquele que é considerado um dos melhores filmes de terror de todos os tempos (eu disse "um dos melhores" e não "o melhor"): Poltergeist: o Fenômeno.
Nem todo mundo sabe que a mente por trás da história de Poltergeist é o gênio de Hollywood Steven Spielberg. Sim, não só foi um dos roteiristas e produtores do filme, como foi ele que criou o argumento da história.
Sim, ele mesmo. Conhecido por blockbusters, Spielberg se aventurou algumas vezes no gênero do terror antes de criar a história dos espíritos que sequestram a pequena Carol Anne para tirá-los do purgatório, como em Tubarão (1975) e no obscurso A Força do Mal (Something Evil, 1972).
A direção do original ficou a cargo de Tobe Hooper (o criador do Massacre da Serra Elétrica, 1974).
Já o remake ficou a cargo do diretor Gil Kenan (de A Casa Monstro, 2006, e Cidade das Sombras, 2008).
Comparando os dois filmes, o original tem um estilo meio sessão da tarde, pelo menos em seu início. Inclusive em sua trilha sonora. O mesmo estilo reconhecido em Os Goonies (1985) e E.T. - O Extraterrestre (1982), produções da mesma época de Spielberg.
Já o remake tem uma narrativa mais ao estilo do terror moderno, inclusive recorrendo a alguns clichês do gênero (como a cena mais do que replicada da criança de costas, que quando se vira mostra um rosto desfigurado).
O maior clichê usado no remake, no entanto, é o da família que gasta suas poucas economias na compra de uma casa mal assombrada, enquanto a filha adolescente reclama da mudança.
Nisso, o original é melhor. Não há mudança para a casa mal assombrada. A família já está instalada há alguns anos no local quando os fenômenos paranormais começam a acontecer.
Para quem ainda não viu os filmes, Poltergeist se passa em um condomínio suburbano da Califórnia que é construído sobre o terreno de um antigo cemitério. E as almas dos mortos sepultados ali são despertadas.
Na versão de 1982, o que desencadeia a ação dos espíritos é a construção de uma piscina no terreno, já que é preciso escavar o terreno. Eles usam a filha mais nova da família, a Carol Anne, que nasceu no local, como um conduíte para a salvação no além.
No filme de 2015, não está claro o motivo que leva às manifestações do poltergeist, mas provavelmente foi a chegada da filha mais nova (que no remake recebe o nome de Madison), que seria sensitiva.
Outra diferença gritante no filme, são os efeitos especiais. Como era de se esperar, a computação gera efeitos especiais mais bem feitos no filme de 2015. A versão original precisa recorrer a bonecos e sobreposição de imagens.
Na produção de Spielberg/Hooper, a cena em que a pesquisadora paranormal Dra. Lesh chega no quarto e presencia objetos voando chega a ser ridícula. Os objetos voando parecem efeitos especiais do Chapolin. É um dos FX mais mal feitos do filme. O filme de 2015, é claro, não tem nenhum efeito grotesco.
No entanto, nenhum efeito da produção de Kenan consegue superar o espectro branco, com feições de caveira, que aparece na porta do quarto, para a mãe de Carol Anne, Diane. É uma das cenas mais memoráveis do cinema de terror.
Por outro lado, o remake é mais feliz (talvez porque tivesse mais recursos) ao mostrar dentro do purgatório. Na versão original, toda a história se passa dentro da casa e podemos apenas ter uma ideia de como seja o mundo do poltergeist.
A cena do rosto do ajudante da Dra. Lesh se desfazendo em frente ao espelho é outra cena memorável do horror mundial, que só aparece no original. No remake, há uma tentativa de fazer algo parecido com o pai da família, Eric, mas nem chega perto do que Hooper conseguiu fazer em 1982.
Hooper/Spielberg também souberam explorar mais a relação entre o antigo cemitério e o fenômeno poltergeist, na medida em que, já no final do filme, Diane tem que se livrar de corpos e caixões que emergem do sol, em uma sequência agonizante. No remake, não vemos isso.
Além dessas diferenças em detalhes, o remake é narrado de uma forma muito diferente do original. Há muitas alterações na história, apesar do essencial ser igual. Vale a pena ver os dois. São quase dois filmes diferentes. E os dois são muito bons, mesmo.
É claro que, por sua originalidade, fico com a versão de 1982. Mas a versão de 2015 traz muitas coisas legais. E você, qual prefere?
Pessoalmente, não tenho nada contra quem pense assim. Mas eu penso diferente. Acho que remakes não foram feitos para superar os originais. São apenas uma outra forma de contar aquela história. Às vezes, apenas sua reambientação em outro tempo ou lugar. Remakes tampouco são capazes de estragar o original (até porque isto é fisicamente impossível).
Remake e original são duas peças cinematográficas independentes uma da outra. E devem ser assim avaliadas.
No entanto, acho que comparações podem ser feitas (e acho até que são inevitáveis). Por isso, inauguro no blog a sessão de resenhas comparativas de filmes (original vs remake). E nada como iniciar esse trabalho com aquele que é considerado um dos melhores filmes de terror de todos os tempos (eu disse "um dos melhores" e não "o melhor"): Poltergeist: o Fenômeno.
Nem todo mundo sabe que a mente por trás da história de Poltergeist é o gênio de Hollywood Steven Spielberg. Sim, não só foi um dos roteiristas e produtores do filme, como foi ele que criou o argumento da história.
Sim, ele mesmo. Conhecido por blockbusters, Spielberg se aventurou algumas vezes no gênero do terror antes de criar a história dos espíritos que sequestram a pequena Carol Anne para tirá-los do purgatório, como em Tubarão (1975) e no obscurso A Força do Mal (Something Evil, 1972).
A direção do original ficou a cargo de Tobe Hooper (o criador do Massacre da Serra Elétrica, 1974).
Já o remake ficou a cargo do diretor Gil Kenan (de A Casa Monstro, 2006, e Cidade das Sombras, 2008).
Comparando os dois filmes, o original tem um estilo meio sessão da tarde, pelo menos em seu início. Inclusive em sua trilha sonora. O mesmo estilo reconhecido em Os Goonies (1985) e E.T. - O Extraterrestre (1982), produções da mesma época de Spielberg.
Já o remake tem uma narrativa mais ao estilo do terror moderno, inclusive recorrendo a alguns clichês do gênero (como a cena mais do que replicada da criança de costas, que quando se vira mostra um rosto desfigurado).
O maior clichê usado no remake, no entanto, é o da família que gasta suas poucas economias na compra de uma casa mal assombrada, enquanto a filha adolescente reclama da mudança.
Nisso, o original é melhor. Não há mudança para a casa mal assombrada. A família já está instalada há alguns anos no local quando os fenômenos paranormais começam a acontecer.
Para quem ainda não viu os filmes, Poltergeist se passa em um condomínio suburbano da Califórnia que é construído sobre o terreno de um antigo cemitério. E as almas dos mortos sepultados ali são despertadas.
Na versão de 1982, o que desencadeia a ação dos espíritos é a construção de uma piscina no terreno, já que é preciso escavar o terreno. Eles usam a filha mais nova da família, a Carol Anne, que nasceu no local, como um conduíte para a salvação no além.
No filme de 2015, não está claro o motivo que leva às manifestações do poltergeist, mas provavelmente foi a chegada da filha mais nova (que no remake recebe o nome de Madison), que seria sensitiva.
Outra diferença gritante no filme, são os efeitos especiais. Como era de se esperar, a computação gera efeitos especiais mais bem feitos no filme de 2015. A versão original precisa recorrer a bonecos e sobreposição de imagens.
Na produção de Spielberg/Hooper, a cena em que a pesquisadora paranormal Dra. Lesh chega no quarto e presencia objetos voando chega a ser ridícula. Os objetos voando parecem efeitos especiais do Chapolin. É um dos FX mais mal feitos do filme. O filme de 2015, é claro, não tem nenhum efeito grotesco.
Versão de 1982
No entanto, nenhum efeito da produção de Kenan consegue superar o espectro branco, com feições de caveira, que aparece na porta do quarto, para a mãe de Carol Anne, Diane. É uma das cenas mais memoráveis do cinema de terror.
Versão de 1982
Por outro lado, o remake é mais feliz (talvez porque tivesse mais recursos) ao mostrar dentro do purgatório. Na versão original, toda a história se passa dentro da casa e podemos apenas ter uma ideia de como seja o mundo do poltergeist.
A cena do rosto do ajudante da Dra. Lesh se desfazendo em frente ao espelho é outra cena memorável do horror mundial, que só aparece no original. No remake, há uma tentativa de fazer algo parecido com o pai da família, Eric, mas nem chega perto do que Hooper conseguiu fazer em 1982.
Versão de 1982
Hooper/Spielberg também souberam explorar mais a relação entre o antigo cemitério e o fenômeno poltergeist, na medida em que, já no final do filme, Diane tem que se livrar de corpos e caixões que emergem do sol, em uma sequência agonizante. No remake, não vemos isso.
Além dessas diferenças em detalhes, o remake é narrado de uma forma muito diferente do original. Há muitas alterações na história, apesar do essencial ser igual. Vale a pena ver os dois. São quase dois filmes diferentes. E os dois são muito bons, mesmo.
É claro que, por sua originalidade, fico com a versão de 1982. Mas a versão de 2015 traz muitas coisas legais. E você, qual prefere?