ELEVADOR 16, de Rodrigo de Oliveira: Resenha de livro

Pelo que eu entendi, Elevador 16 é um apêndice da série de livros As Crônicas dos Mortos, de Rodrigo de Oliveira. A série tem quatro livros (O Vale dos Mortos, A Batalha dos Mortos, A Senhora dos Mortos e A Ilha dos Mortos). Elevador 16 foi publicado ali no meio.

É uma história bem curtinha, na verdade um conto, com apenas 55 páginas. Foi lançada originalmente como um livro físico, em 2014, mas hoje a própria editora o disponibiliza gratuitamente para download (de forma muito inteligente, já que pesca o leitor para a série de romances).

O texto de Elevador 16 é de uma prosa simples. Suas frases são diretas, seu vocabulário coloquial e sua estrutura narrativa é linear. A premissa, em si, não é muito original: alguma coisa acontece e as pessoas começam a virar zumbis ávidos de carne humana.

No caso do conto de Rodrigo de Oliveira, o que motiva a transformação de pessoas normais em criaturas irracionais e animalescas é a aproximação de um novo planeta vermelho, recém-descoberto, chamado Absinto.

É um final de semana e todo mundo se prepara para presenciar o fenômeno astronômico, mas os funcionários de uma empresa de tecnologia precisam fazer serão para concluir um projeto. Entre eles, está Mariana, a protagonista de Elevador 16.

Ela acaba de descobrir, no banheiro de sua firma, através de um teste de farmácia, que está grávida de seu namorado imaturo (que também é seu colega de trabalho). E, é claro, ela fica arrasada: ela não tem dinheiro e seu filho merecia um pai melhor, em vez de um babaca infantil.

Chega a hora do almoço e todos resolvem descer no elevador. Dezesseis pessoas se espremem no equipamento e começam a descer. É aí então que acontece o pior. As luzes se apagam e o elevador para entre dois andares.

Ao mesmo tempo, dez dessas pessoas desmaiam e viram zumbis. Opa, a coisa fica boa. Vai haver um embate entre seis humanos e dez zumbis dentro de um elevador (pelo menos é isso que o título da história me leva a crer). Isso acontece bem no início do livro e, como leitor, fico curioso para saber como o autor sustentará as próximas 40 páginas tendo como cenário um espaço tão confinado.

Minha curiosidade é satisfeita logo em seguida, quando parte dos humanos consegue escapar do elevador. Para minha decepção, na verdade, a maior parte da ação se desenvolve dentro do prédio da firma, mas fora do elevador.

Rodrigo de Oliveira tem uma prosa simples, mas eficaz. Ele consegue prender o leitor e criar boas cenas de suspense. Tem também boas ações envolvendo sangue e vísceras.

O final, no entanto, não surpreende e isso me desaponta um pouco. Também fiquei um pouco confuso com a história do tal planeta gigantesco (que tem 20 vezes o tamanho da Terra), cuja órbita passa próximo do nosso planeta (tanto é que as pessoas ficam com medo de uma colisão), mas que só foi descoberto no ano anterior ao da história. Como assim? Plutão, um planetoide que orbita a bilhões de quilômetros da Terra, foi descoberto há quase 100 anos.

Mas tudo bem. É apenas ficção. Em resumo, a história é boa e bem contada.



DADOS DO LIVRO
Título: Elevador 16 - As Crônicas dos Mortos
Autor: Rodrigo de Oliveira
Editora: Faro Editorial
Ano: 2014
Páginas: 60
Preço de capa: R$ 9,90