Sombras da Noite (Night Shift) foi o primeiro livro de contos lançado por Stephen King, ainda em 1978, depois dos sucessos de Carrie (1974), Salem (Salem's Lot, 1975) e O Iluminado (The Shining, 1977).
O livro reúne 20 contos, sendo apenas quatro inéditos. A maioria deles foi publicada em revistas antes mesmo de King publicar seu primeiro romance, Carrie. Entre esses contos pioneiros está Primavera Vermelha (Strawberry Spring), um dos primeiros a ser publicados por King, na revista Ubris, da Universidade do Maine, em 1968.
Todos os contos foram escritos na primeira fase da carreira de King (alguns, como visto, na pré-carreira), ou seja, na fase de terror mais clássico do mestre.
Os contos têm as premissas mais variadas, algumas bem loucas como Massa Cinzenta (Grey Matter), uma das mais nonsense de King, em que um homem, depois de beber uma cerveja estragada, se transforma em uma massa amorfa cinza. É uma de minhas favoritas, porque gosto de terror nonsense.
O Homem do Cortador de Grama (The Lawnmower Man) também é bem louca, mas não me agradou muito. Apesar de ser fã de terror nonsense, esse conto extrapola todos os limites do bizarro.
Alguns têm terror psicológico mais realista, como Ex-fumantes Ltda. (Quitters, Inc.), em que um homem aceita entrar em uma sociedade secreta que apela para a violência extrema e a intimidação para convencer um fumante a largar seu vício, e O Ressalto (The Ledge), em que, para pagar uma dívida com um agiota, o devedor tem que circundar o último andar de um prédio caminhando por um finíssimo ressalto. Esses dois abordam a temática de como uma dívida pode levar o ser humano a uma situação de submissão e degradação física/moral.
Têm ainda alguns contos que se remetem a outras histórias de King, como Jerusalem's Lot e A Saideira (One for the Road), os dois diretamente ligados ao romance Salem. O conto Jerusalem's Lot lembra muito Drácula, de Bram Stoker, não só por lidar com vampiros, mas principalmente por ter sido escrito em formato epistolar (em que o narrador conta a história por meio de cartas e entradas de diário).
Ondas Noturnas (Night Surf), publicada originalmente em 1969, também se remete a outra obra de King, já que aborda uma epidemia de Captain Trips, a mesma que extermina quase toda a população do mundo em A Dança da Morte (The Stand, 1978), romance apocalíptico publicado no mesmo ano de Sombras da Noite.
O Fantasma (The Boogeyman) é para mim a história mais dark da coletânea. Um tributo à lenda do bicho-papão (boogeyman em inglês), essa história, contada por um pai melancólico e assustado, relata como o monstro matou seus três filhos pequenos. O conto atinge o objetivo de causar repulsa e angústia como toda boa história de terror.
Nessa coletânea, podemos encontrar também As Crianças do Milharal (Children of the Corn), sobre uma cidade rural controlada por uma macabra seita religiosa composta apenas por crianças e adolescentes. O conto serviu como base para pelo menos nove filmes intitulados Children of the Corn.
Uma das histórias mais fracas é, sem dúvida, Campo de Batalha (Battleground), sobre um homem que recebe de presente uns soldadinhos de plástico que têm vida própria e resolvem declarar guerra ao seu novo dono. Passa longe do terror.
Enfim, talvez seja a melhor coletânea de King, ainda escrita por um autor novato explodindo de criatividade. Altamente recomendável.
DADOS DO LIVRO
Publicado originalmente nos Estados Unidos, em 1978, pela Editora Doubleday. No Brasil, foi primeiramente publicado pela Francisco Alves. Atualmente, é publicado pela Suma de Letras.
O livro reúne 20 contos, sendo apenas quatro inéditos. A maioria deles foi publicada em revistas antes mesmo de King publicar seu primeiro romance, Carrie. Entre esses contos pioneiros está Primavera Vermelha (Strawberry Spring), um dos primeiros a ser publicados por King, na revista Ubris, da Universidade do Maine, em 1968.
Todos os contos foram escritos na primeira fase da carreira de King (alguns, como visto, na pré-carreira), ou seja, na fase de terror mais clássico do mestre.
Capa da edição brasileira da Suma de Letras |
Os contos têm as premissas mais variadas, algumas bem loucas como Massa Cinzenta (Grey Matter), uma das mais nonsense de King, em que um homem, depois de beber uma cerveja estragada, se transforma em uma massa amorfa cinza. É uma de minhas favoritas, porque gosto de terror nonsense.
O Homem do Cortador de Grama (The Lawnmower Man) também é bem louca, mas não me agradou muito. Apesar de ser fã de terror nonsense, esse conto extrapola todos os limites do bizarro.
Alguns têm terror psicológico mais realista, como Ex-fumantes Ltda. (Quitters, Inc.), em que um homem aceita entrar em uma sociedade secreta que apela para a violência extrema e a intimidação para convencer um fumante a largar seu vício, e O Ressalto (The Ledge), em que, para pagar uma dívida com um agiota, o devedor tem que circundar o último andar de um prédio caminhando por um finíssimo ressalto. Esses dois abordam a temática de como uma dívida pode levar o ser humano a uma situação de submissão e degradação física/moral.
Têm ainda alguns contos que se remetem a outras histórias de King, como Jerusalem's Lot e A Saideira (One for the Road), os dois diretamente ligados ao romance Salem. O conto Jerusalem's Lot lembra muito Drácula, de Bram Stoker, não só por lidar com vampiros, mas principalmente por ter sido escrito em formato epistolar (em que o narrador conta a história por meio de cartas e entradas de diário).
Capa da 1a. edição americana |
Ondas Noturnas (Night Surf), publicada originalmente em 1969, também se remete a outra obra de King, já que aborda uma epidemia de Captain Trips, a mesma que extermina quase toda a população do mundo em A Dança da Morte (The Stand, 1978), romance apocalíptico publicado no mesmo ano de Sombras da Noite.
O Fantasma (The Boogeyman) é para mim a história mais dark da coletânea. Um tributo à lenda do bicho-papão (boogeyman em inglês), essa história, contada por um pai melancólico e assustado, relata como o monstro matou seus três filhos pequenos. O conto atinge o objetivo de causar repulsa e angústia como toda boa história de terror.
Nessa coletânea, podemos encontrar também As Crianças do Milharal (Children of the Corn), sobre uma cidade rural controlada por uma macabra seita religiosa composta apenas por crianças e adolescentes. O conto serviu como base para pelo menos nove filmes intitulados Children of the Corn.
Uma das histórias mais fracas é, sem dúvida, Campo de Batalha (Battleground), sobre um homem que recebe de presente uns soldadinhos de plástico que têm vida própria e resolvem declarar guerra ao seu novo dono. Passa longe do terror.
Enfim, talvez seja a melhor coletânea de King, ainda escrita por um autor novato explodindo de criatividade. Altamente recomendável.
DADOS DO LIVRO
Publicado originalmente nos Estados Unidos, em 1978, pela Editora Doubleday. No Brasil, foi primeiramente publicado pela Francisco Alves. Atualmente, é publicado pela Suma de Letras.