O filme Boa Noite, Mamãe (Goodnight Mommy, 2014) tem sido uma das sensações do cinema alternativo de terror em diversos festivais internacionais, desde que estreou no prestigiado Festival de Cinema de Veneza, em agosto de 2014.
Desde que passou a rodar pelo mundo, a película austríaca recebeu vários elogios de veículos de mídia como as revistas Variety e The Hollywood Reporter e o jornal inglês The Guardian. No Brasil, Boa Noite, Mamãe passou pelo Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre (Fantaspoa) de 2015, onde conquistou o prêmio de melhor roteiro.
Agora, o filme volta ao Brasil em circuito comercial. A previsão é que ele chegue às salas de cinema brasileiras em 25 de fevereiro.
O FICÇÃO TERROR conversou, com exclusividade, com a diretora e roteirista do filme Veronika Franz. A cineasta contou curiosidades do filme (como a cena em que baratas caminham pelo rosto da protagonista), a expectativa sobre o lançamento de Boa Noite, Mamãe nos cinemas brasileiros e sua parceria com Severin Fiala (que ela conheceu quando precisou de um babá para seus filhos), com quem ela divide o roteiro e a direção do filme (e também as respostas dessa entrevista, concedida por email).
Veja a entrevista:
FT: Boa Noite, Mamãe é seu primeiro filme de ficção, como diretora, depois de iniciar sua carreira como roteirista. Como foi essa transição e por que você decidiu virar diretora?
VF: Nunca houve um planejamento de carreira. Eu comecei mesmo como jornalista especializada em cinema e nunca sonhei em fazer um filme. Eu sempre fui impressionada pelos filmes de Ulrich Seidl [diretor austríaco da trilogia Paraíso e marido de Veronika]. Como eu me entedio fácil, pensei em fazer algo novo e comecei a fazer pesquisas para ele. E, aos poucos, eu entrei na indústria cinematográfica, escrevendo roteiros para ele e trabalhando como sua diretora assistente. Para além disso, eu aprendi muito apenas assistindo milhares de filmes antigos. Então eu me considero uma autodidata.
FT: Como foi o processo de escrever e dirigir junto com Severin Fiala?
VF: Na verdade, nós literalmente fizemos tudo juntos. Escrevemos o roteiro sentados em volta de uma mesa de cozinha, lançando ideias um para o outro e nos divertindo. Nossa colaboração foi um processo. Começou com a ideia básica para Boa Noite, Mamãe e terminou com a gente dando todas as entrevistas juntos. Sei que você está se dirigindo a mim nessa entrevista, mas, de fato, Severin está sentado ao meu lado e estamos debatendo as respostas.
FT: É verdade que você conheceu Severin Fiala quando você procurava uma babá? Como foi isso e como vocês se tornaram parceiros?
VF: Sim, essa história é verdadeira. Severin cresceu na zona rural da Áustria. Ele sempre se interessou muito por filmes e, quando tornou-se um adolescente, ele quis vir para Viena porque havia uma variedade muito maior de locadoras e cinemas. Então, ele vinha aos finais de semana para tomar conta de meus filhos e, em vez de pagá-lo com dinheiro, nós alugávamos toneladas de fitas VHS na locadora. Foi assim que começamos a assistir filmes juntos e debatê-los. Rapidamente, nós percebemos que tínhamos os mesmos gostos para filmes e que compartilhávamos nossas visões sobre como o cinema deveria ser. Mas nunca realmente planejamos fazer um filme juntos. Seis anos atrás, nós conhecemos Peter Kern, um louco e criativo ator e diretor austríaco que ficou famoso pelo Cinema Novo Alemão da década de 70 [ele atuou em filmes como Hitler, um Filme da Alemanha, de 1977, e Uma Viagem para a Luz, de 1978], mas era relativamente desconhecido do público em 2010. Nós percebemos que ele era um personagem intrigante e que alguém deveria fazer um filme sobre ele – mas ninguém ousava fazê-lo, porque Kern, apesar de ser um artista impressionante, era sem dúvida uma pessoa assustadora e intimidadora. Como amamos pessoas loucas, decidimos fazer o filme nós mesmos – sem dinheiro envolvido, apenas com uma equipe de três pessoas (incluindo nós dois), e uma câmera emprestada da escola de cinema que Severin frequentava [o documentário Kern, de 2012]. Foi assim que tudo começou.
FT: Boa Noite, Mamãe é um filme de suspense/terror psicológico sobre uma mãe que parece uma estranha para seus filhos. Pode nos contar quais foram as cenas mais difíceis de filmar e por quê? VF: Honestamente, as cenas de chuva onde o padre traz as crianças de volta para casa foram as mais difíceis de filmar, para a gente. Além do fato de que fazer chuva artificial é tecnicamente desafiador, nós tínhamos que secar os atores e suas roupas depois de cada tomada, enquanto o tempo (e a noite) estavam se esgotando, e o sol ameaçava nascer de novo.
FT: No filme, há uma cena em que uma barata entra na boca da mãe (vivida pela atriz Susanne Wuest). A barata realmente entrou na boca de Susanne?
VF: Susanne Wuest se esforçou bastante. Ela até ensaiou a cena com duas baratas que demos a ela. Essas duas baratas dublês eram chamadas Mathilder e Nermal e Susanne gostava muito delas, tentando não machucá-las enquanto as colocava dentro de sua boca (a fim de que as baratas se acostumassem com a ideia e entrassem na boca de Susanne voluntariamente durante as gravações). Infelizmente isso não funcionou. Baratas são meio burras, mas não tão burras a ponto de entrar na boca de um animal maior. Então, tivemos que forjar essa última parte da cena, em que a barata realmente entrar em sua boca. Isso é imagem gerada por computador. Mas parece real porque tínhamos todos os movimentos reais executados pelas baratas quando elas rastejavam pelo rosto de Susanne.
FT: O filme teve avaliações positivas de grandes veículos de imprensa, como a Variety, o The Guardian e The Hollywood Reporter. Vocês esperavam ter tão boa recepção dos críticos?
VF: Não tínhamos expectativas nenhuma. Nós simplesmente tivemos uma ideia por onde começar e tentamos transformar essa ideia num filme em que nós dois gostaríamos de ver nos cinemas. Um filme violento e perturbador. Um filme que impacta sua audiência e, ao mesmo tempo, tem uma história significativa para contar. Sendo diretores de primeira viagem isso era difícil o suficiente. Não tínhamos tempo (ou ambição) para pensar sobre os resultados. Nós achamos que não é uma boa ideia começar um filme pensando em sua estreia mundial. A produção de cada filme é uma jornada emocionante, que o diretor deveria curtir enquanto pode. Então, é claro que ficamos muito surpresos quando vimos que obviamente não tínhamos feito um filme apenas para nós mesmos, mas que também funcionava com outras pessoas. Isso nos faz sentir muito sortudos e orgulhosos.
FT: Seu filme também teve uma boa recepção em vários festivais ao redor do mundo, incluindo Veneza e Toronto. No Brasil, Boa Noite, Mamãe estreou no Festival Fantástico de Porto Alegre (Fantaspoa) de 2015, onde vocês conquistaram o prêmio de melhor roteiro. Como foi sua experiência no Fantaspoa?
VF: O prêmio foi muito importante para a gente porque foi o único prêmio que conquistamos por melhor roteiro. Infelizmente nós dois não viemos ao festival.
FT: O que os espectadores brasileiros podem esperar de Boa Noite, Mamãe?
VF: Até agora, duas pessoas desmaiaram nos cinemas [assistindo ao filme]. Uma em Tessalônica, na Grécia, e outra em Viena. Ainda estamos esperando por uma terceira vítima!
FT: Vocês já estão envolvidos em algum novo projeto? Será um filme de terror?
VF: Nós temos várias ideias para nossos próximos filmes. Há um filme de época envolvendo assassinato de crianças e carrascos e há ideias de filmes de ficção científica e terror. O que todos eles têm em comum é que eles são, de algum modo, perturbadores. Pelo menos é o que esperamos.
****
Desde que passou a rodar pelo mundo, a película austríaca recebeu vários elogios de veículos de mídia como as revistas Variety e The Hollywood Reporter e o jornal inglês The Guardian. No Brasil, Boa Noite, Mamãe passou pelo Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre (Fantaspoa) de 2015, onde conquistou o prêmio de melhor roteiro.
Agora, o filme volta ao Brasil em circuito comercial. A previsão é que ele chegue às salas de cinema brasileiras em 25 de fevereiro.
O FICÇÃO TERROR conversou, com exclusividade, com a diretora e roteirista do filme Veronika Franz. A cineasta contou curiosidades do filme (como a cena em que baratas caminham pelo rosto da protagonista), a expectativa sobre o lançamento de Boa Noite, Mamãe nos cinemas brasileiros e sua parceria com Severin Fiala (que ela conheceu quando precisou de um babá para seus filhos), com quem ela divide o roteiro e a direção do filme (e também as respostas dessa entrevista, concedida por email).
Veja a entrevista:
FT: Boa Noite, Mamãe é seu primeiro filme de ficção, como diretora, depois de iniciar sua carreira como roteirista. Como foi essa transição e por que você decidiu virar diretora?
VF: Nunca houve um planejamento de carreira. Eu comecei mesmo como jornalista especializada em cinema e nunca sonhei em fazer um filme. Eu sempre fui impressionada pelos filmes de Ulrich Seidl [diretor austríaco da trilogia Paraíso e marido de Veronika]. Como eu me entedio fácil, pensei em fazer algo novo e comecei a fazer pesquisas para ele. E, aos poucos, eu entrei na indústria cinematográfica, escrevendo roteiros para ele e trabalhando como sua diretora assistente. Para além disso, eu aprendi muito apenas assistindo milhares de filmes antigos. Então eu me considero uma autodidata.
FT: Como foi o processo de escrever e dirigir junto com Severin Fiala?
VF: Na verdade, nós literalmente fizemos tudo juntos. Escrevemos o roteiro sentados em volta de uma mesa de cozinha, lançando ideias um para o outro e nos divertindo. Nossa colaboração foi um processo. Começou com a ideia básica para Boa Noite, Mamãe e terminou com a gente dando todas as entrevistas juntos. Sei que você está se dirigindo a mim nessa entrevista, mas, de fato, Severin está sentado ao meu lado e estamos debatendo as respostas.
FT: É verdade que você conheceu Severin Fiala quando você procurava uma babá? Como foi isso e como vocês se tornaram parceiros?
VF: Sim, essa história é verdadeira. Severin cresceu na zona rural da Áustria. Ele sempre se interessou muito por filmes e, quando tornou-se um adolescente, ele quis vir para Viena porque havia uma variedade muito maior de locadoras e cinemas. Então, ele vinha aos finais de semana para tomar conta de meus filhos e, em vez de pagá-lo com dinheiro, nós alugávamos toneladas de fitas VHS na locadora. Foi assim que começamos a assistir filmes juntos e debatê-los. Rapidamente, nós percebemos que tínhamos os mesmos gostos para filmes e que compartilhávamos nossas visões sobre como o cinema deveria ser. Mas nunca realmente planejamos fazer um filme juntos. Seis anos atrás, nós conhecemos Peter Kern, um louco e criativo ator e diretor austríaco que ficou famoso pelo Cinema Novo Alemão da década de 70 [ele atuou em filmes como Hitler, um Filme da Alemanha, de 1977, e Uma Viagem para a Luz, de 1978], mas era relativamente desconhecido do público em 2010. Nós percebemos que ele era um personagem intrigante e que alguém deveria fazer um filme sobre ele – mas ninguém ousava fazê-lo, porque Kern, apesar de ser um artista impressionante, era sem dúvida uma pessoa assustadora e intimidadora. Como amamos pessoas loucas, decidimos fazer o filme nós mesmos – sem dinheiro envolvido, apenas com uma equipe de três pessoas (incluindo nós dois), e uma câmera emprestada da escola de cinema que Severin frequentava [o documentário Kern, de 2012]. Foi assim que tudo começou.
FT: Boa Noite, Mamãe é um filme de suspense/terror psicológico sobre uma mãe que parece uma estranha para seus filhos. Pode nos contar quais foram as cenas mais difíceis de filmar e por quê? VF: Honestamente, as cenas de chuva onde o padre traz as crianças de volta para casa foram as mais difíceis de filmar, para a gente. Além do fato de que fazer chuva artificial é tecnicamente desafiador, nós tínhamos que secar os atores e suas roupas depois de cada tomada, enquanto o tempo (e a noite) estavam se esgotando, e o sol ameaçava nascer de novo.
FT: No filme, há uma cena em que uma barata entra na boca da mãe (vivida pela atriz Susanne Wuest). A barata realmente entrou na boca de Susanne?
VF: Susanne Wuest se esforçou bastante. Ela até ensaiou a cena com duas baratas que demos a ela. Essas duas baratas dublês eram chamadas Mathilder e Nermal e Susanne gostava muito delas, tentando não machucá-las enquanto as colocava dentro de sua boca (a fim de que as baratas se acostumassem com a ideia e entrassem na boca de Susanne voluntariamente durante as gravações). Infelizmente isso não funcionou. Baratas são meio burras, mas não tão burras a ponto de entrar na boca de um animal maior. Então, tivemos que forjar essa última parte da cena, em que a barata realmente entrar em sua boca. Isso é imagem gerada por computador. Mas parece real porque tínhamos todos os movimentos reais executados pelas baratas quando elas rastejavam pelo rosto de Susanne.
FT: O filme teve avaliações positivas de grandes veículos de imprensa, como a Variety, o The Guardian e The Hollywood Reporter. Vocês esperavam ter tão boa recepção dos críticos?
VF: Não tínhamos expectativas nenhuma. Nós simplesmente tivemos uma ideia por onde começar e tentamos transformar essa ideia num filme em que nós dois gostaríamos de ver nos cinemas. Um filme violento e perturbador. Um filme que impacta sua audiência e, ao mesmo tempo, tem uma história significativa para contar. Sendo diretores de primeira viagem isso era difícil o suficiente. Não tínhamos tempo (ou ambição) para pensar sobre os resultados. Nós achamos que não é uma boa ideia começar um filme pensando em sua estreia mundial. A produção de cada filme é uma jornada emocionante, que o diretor deveria curtir enquanto pode. Então, é claro que ficamos muito surpresos quando vimos que obviamente não tínhamos feito um filme apenas para nós mesmos, mas que também funcionava com outras pessoas. Isso nos faz sentir muito sortudos e orgulhosos.
FT: Seu filme também teve uma boa recepção em vários festivais ao redor do mundo, incluindo Veneza e Toronto. No Brasil, Boa Noite, Mamãe estreou no Festival Fantástico de Porto Alegre (Fantaspoa) de 2015, onde vocês conquistaram o prêmio de melhor roteiro. Como foi sua experiência no Fantaspoa?
VF: O prêmio foi muito importante para a gente porque foi o único prêmio que conquistamos por melhor roteiro. Infelizmente nós dois não viemos ao festival.
FT: O que os espectadores brasileiros podem esperar de Boa Noite, Mamãe?
VF: Até agora, duas pessoas desmaiaram nos cinemas [assistindo ao filme]. Uma em Tessalônica, na Grécia, e outra em Viena. Ainda estamos esperando por uma terceira vítima!
FT: Vocês já estão envolvidos em algum novo projeto? Será um filme de terror?
VF: Nós temos várias ideias para nossos próximos filmes. Há um filme de época envolvendo assassinato de crianças e carrascos e há ideias de filmes de ficção científica e terror. O que todos eles têm em comum é que eles são, de algum modo, perturbadores. Pelo menos é o que esperamos.
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INTERVIEW WITH VERONIKA FRANZ, WRITER AND DIRECTOR OF "GOODNIGHT MOMMY"
Almost two years after its premiere at Venice Film Festival, austrian film Goodnight Mommy will finally "land" in Brazil this february. This psychological horror movie will open in brazilian theatres in two weeks (on february 25).
FICÇÃO TERROR interviewed (via email) its co-writer and co-director, Veronika Franz, who talked about Goodnight Mommy's interesting facts (such as the scene where cockroaches crawl the face of the leading actress), her expectations regarding the screening in Brazil and her partnership with Severin Fiala.
FICÇÃO TERROR interviewed (via email) its co-writer and co-director, Veronika Franz, who talked about Goodnight Mommy's interesting facts (such as the scene where cockroaches crawl the face of the leading actress), her expectations regarding the screening in Brazil and her partnership with Severin Fiala.
FT: Goodnight Mommy is your first fiction film as director, after starting your career as screenwriter. How did you make this move from writer to director?
VF: It was never really a career plan. I started out as a film journalist, not at all dreaming about making a film myself. I have always been impressed by the films of Ulrich Seidl, and, as I get bored easily, I thought about doing something new and doing research for him. And step by step I grew into filmmaking myself by writing scripts for him and working as his assisting director. Besides of that I have learned the most by just watching thousands of old films. So you can call me an autodidact.
FT: How was the process of writing and directing alongside Severin Fiala?
VF: Actually, we literally did everything together. We wrote the script sitting together around a kitchen table, throwing ideas at each other and having fun. Our collaboration was a process. It started with the basic idea for Goodnight Mommy and ended by also giving every single interview together. I know you are adressing me in this interview, but in fact Severin is sitting aside me and we are discussing the answers.
FT: Is it true that you met Fiala when you needed a babysitter? How was it and how did he become a partner? VF: Yes, that story is true. Severin grew up in the Austrian countryside. He always was very interested in films and when he became a teenager he wanted to come to Vienna because there was a far huger variety of videostores and cinemas. So he would come over weekends to take care of my sons and instead of paying him with cash we would rent tons of VHS tapes at the videostore. That was how we started to watch and discuss films together. We very quickly realized that our hearts beat for the same kind of movies, that we share a taste and a vision of what cinema should be like. But we never planned to actually make a film together. Six years ago we got to know Peter Kern, a crazy and creative Austrian actor and director who became famous in the New German Cinema oft he 70s (Fassbinder, Schroeter...), but was quite unknown to the public in 2010. We felt he was a very intriguing character and that someone should make a film about him – but no one dared, because Kern, apart from being an impressive artist, was quite a scary and intimidating person. As we love crazy people we decided to make the film ourselves – with no money involved, only a film crew of 3 people (two of them being us), and a camera borrowed from the film school Severin attended. That started it all.
FT: Goodnight Mommy is a thriller/psichological horror film about a mother that looks strange to his children. Can you tell us what were the most difficult scenes you had to shoot and why?
VF: Honestly, the rain scenes where the priest brings the children home again were the most difficult ones to shoot foor us. Besides of the fact that making rain is technically challenging, we had to hairdry the actors and their clothes after every take while the time (of the night) was running out and the sun threatend to rise again.
FT: In the movie, you have a scene of a cockroach getting into mommy’s mouth? Did it really got into Susanne’s mouth?
VF: Susanne Wuest tried hard, she even rehearsed the scene with two cockroaches we gave her. Those two „stunt-roaches“ were called Mathilder and Nermal, and Susanne liked them very much, trying not to hurt them while putting them into her mouth (so that the ideally would get used to it and while shooting, would go there by their own free will). Unfortunaltly it didn’t work out. Cockroaches are kind of stupid, but not as stupid as crawling into a bigger animal’s mouth. So we had to fake the last part of the shot in wich the cockroach really enters the mouth. It’s CGI. But it looks kind of real because we had all kinds of movements from the actual cockroaches when the crawled over Susanne’s face.
FT: The film had positive reviews from major outlets like Variety, The Guardian and The Hollywood Reporter. Creepy, devilish, unnerving were some words used by the press to praise Goodnight Mommy. Did you expect to have such a good reception by the critics? VF: We had no expectations at all. We simply had an idea to start with, and then tried to make this idea into a film we both would like to see in cinemas. A violent and disturbing film, a film that attacks its audience and has a meaningful story to tell at the same time. Being first-time-directors this was hard enough. We had no time (or ambiton) to think about the outcome. We feel it’s not a good idea to start a film thinking about its world premiere. The making of every film is an exciting journey, which a director should enjoy, as long as it goes. So of course we were very surprised when we found out that we obviously haven’t made a film only for ourselves, but also one that works for a lot of other people. That makes us feel very lucky and very proud.
FT: Your movie had also a great reception in countless film festivals around the globe, including Venice and Toronto Film Festivals. In Brazil, Goodnight Mommy premiered in 2015 Fantaspoa, where you won a Best Script award. How was your experience in in Fantaspoa?
VF: The prize meant a lot to us because it was the only award we have got so far for the best script. Unfortunately we have’nt been to the festival in person.
FT: What can the brazilian audience expect from Goodnight Mommy?
VF: Until today we had two people who fainted in the cinema. One in Thessaloniki in Grece and one at home in Vienna. We still hope for a third one!
FT: Are you already involved in a new project? Will it be a new horror movie?
VF: We have several ideas for our next films. There is period film involving children’s murder and executioners, there are science fiction and horror film ideas. What they all have in common is that they are somehow disturbing. At least we hope so.
VF: It was never really a career plan. I started out as a film journalist, not at all dreaming about making a film myself. I have always been impressed by the films of Ulrich Seidl, and, as I get bored easily, I thought about doing something new and doing research for him. And step by step I grew into filmmaking myself by writing scripts for him and working as his assisting director. Besides of that I have learned the most by just watching thousands of old films. So you can call me an autodidact.
FT: How was the process of writing and directing alongside Severin Fiala?
VF: Actually, we literally did everything together. We wrote the script sitting together around a kitchen table, throwing ideas at each other and having fun. Our collaboration was a process. It started with the basic idea for Goodnight Mommy and ended by also giving every single interview together. I know you are adressing me in this interview, but in fact Severin is sitting aside me and we are discussing the answers.
FT: Is it true that you met Fiala when you needed a babysitter? How was it and how did he become a partner? VF: Yes, that story is true. Severin grew up in the Austrian countryside. He always was very interested in films and when he became a teenager he wanted to come to Vienna because there was a far huger variety of videostores and cinemas. So he would come over weekends to take care of my sons and instead of paying him with cash we would rent tons of VHS tapes at the videostore. That was how we started to watch and discuss films together. We very quickly realized that our hearts beat for the same kind of movies, that we share a taste and a vision of what cinema should be like. But we never planned to actually make a film together. Six years ago we got to know Peter Kern, a crazy and creative Austrian actor and director who became famous in the New German Cinema oft he 70s (Fassbinder, Schroeter...), but was quite unknown to the public in 2010. We felt he was a very intriguing character and that someone should make a film about him – but no one dared, because Kern, apart from being an impressive artist, was quite a scary and intimidating person. As we love crazy people we decided to make the film ourselves – with no money involved, only a film crew of 3 people (two of them being us), and a camera borrowed from the film school Severin attended. That started it all.
FT: Goodnight Mommy is a thriller/psichological horror film about a mother that looks strange to his children. Can you tell us what were the most difficult scenes you had to shoot and why?
VF: Honestly, the rain scenes where the priest brings the children home again were the most difficult ones to shoot foor us. Besides of the fact that making rain is technically challenging, we had to hairdry the actors and their clothes after every take while the time (of the night) was running out and the sun threatend to rise again.
FT: In the movie, you have a scene of a cockroach getting into mommy’s mouth? Did it really got into Susanne’s mouth?
VF: Susanne Wuest tried hard, she even rehearsed the scene with two cockroaches we gave her. Those two „stunt-roaches“ were called Mathilder and Nermal, and Susanne liked them very much, trying not to hurt them while putting them into her mouth (so that the ideally would get used to it and while shooting, would go there by their own free will). Unfortunaltly it didn’t work out. Cockroaches are kind of stupid, but not as stupid as crawling into a bigger animal’s mouth. So we had to fake the last part of the shot in wich the cockroach really enters the mouth. It’s CGI. But it looks kind of real because we had all kinds of movements from the actual cockroaches when the crawled over Susanne’s face.
FT: The film had positive reviews from major outlets like Variety, The Guardian and The Hollywood Reporter. Creepy, devilish, unnerving were some words used by the press to praise Goodnight Mommy. Did you expect to have such a good reception by the critics? VF: We had no expectations at all. We simply had an idea to start with, and then tried to make this idea into a film we both would like to see in cinemas. A violent and disturbing film, a film that attacks its audience and has a meaningful story to tell at the same time. Being first-time-directors this was hard enough. We had no time (or ambiton) to think about the outcome. We feel it’s not a good idea to start a film thinking about its world premiere. The making of every film is an exciting journey, which a director should enjoy, as long as it goes. So of course we were very surprised when we found out that we obviously haven’t made a film only for ourselves, but also one that works for a lot of other people. That makes us feel very lucky and very proud.
FT: Your movie had also a great reception in countless film festivals around the globe, including Venice and Toronto Film Festivals. In Brazil, Goodnight Mommy premiered in 2015 Fantaspoa, where you won a Best Script award. How was your experience in in Fantaspoa?
VF: The prize meant a lot to us because it was the only award we have got so far for the best script. Unfortunately we have’nt been to the festival in person.
FT: What can the brazilian audience expect from Goodnight Mommy?
VF: Until today we had two people who fainted in the cinema. One in Thessaloniki in Grece and one at home in Vienna. We still hope for a third one!
FT: Are you already involved in a new project? Will it be a new horror movie?
VF: We have several ideas for our next films. There is period film involving children’s murder and executioners, there are science fiction and horror film ideas. What they all have in common is that they are somehow disturbing. At least we hope so.