No Brasil, talvez o nome Cemetery Dance seja pouco conhecido. Mas nos Estados Unidos, poucos são os fãs de Stephen King que nunca ouviram falar da lendária editora, especializada em terror e dark fantasy. E não é para menos. King é presença assídua nas coletâneas de terror publicadas pela pequena editora da cidade norte-americana de Forest Hill, em Maryland, que também publica a revista homônima.
Alguns títulos do mestre do terror também já tiveram edições limitadas publicadas pela CD (sigla de Cemetery Dance), como It (A Coisa), Doctor Sleep (Doutor Sono) e Carrie.
Foi a CD que também publicou a primeira edição mundial de Blockade Billy, história inédita no Brasil, que foi publicada em 2010 sozinha em um livro e republicada como parte da coletânea The Bazaar of Bad Dreams (lançada neste mês nos EUA).
Mas Stephen King não é a única estrela que já foi publicada pela editora. Nomes como Clive Barker (criador de Hellraiser), Peter Straub (coautor de Talismã e A Casa Negra), Dean Koontz (autor de Fantasmas, filme de 1998), Richard Matheson (autor de Eu Sou a Lenda) e William Peter Blatty (autor do livro e do filme O Exorcista) já tiveram histórias publicadas nas coletâneas ou na revista Cemetery Dance.
E o o homem por trás disso tudo é Richard Chizmar, americano nascido na Venezuela, que fundou a casa editorial há 27 anos. Em entrevista ao FICÇÃO TERROR, por email, ele conta como fundou a CD e como convenceu grandes nomes da literatura de terror a publicar em sua revista e suas antologias.
Chizmar também conta como quase perdeu a chance de publicar um conto inédito de Stephen King, em 1992, ao jogar o manuscrito do mestre do terror em uma pilha de cartas indesejadas, sem saber que se tratava de uma história de King.
Além de proprietário e editor da CD, Chizmar também é escritor, roteirista e produtor de cinema. Dois roteiros coescritos por Chizmar e baseados em histórias de Stephen King, Buick 8 e A Casa Negra, aguardam para ser produzidos e virar filmes.
Edição de dez/2015 da revista Cemetery Dance |
Veja a entrevista:
FT: Cemetery Dance é uma editora lendária. Começou como uma revista, que evoluiu para uma casa publicadora de livros. Conte-nos um pouco dessa história. Por que você decidiu criá-la e como você fez isso?
RC: Eu estava vendendo muitos contos meus no final dos anos 80, mas quando eu recebia as cópias a que tinha direito, eu percebia que muitas revistas deixava alguma coisa a dever. Muitas delas tinham design e layout pobres, capas e arte interna horríveis e uma verdadeira falta de foco e objetivo. Algum tempo depois, quando eu descobri que The Horror Show [revista publicada de 1982 a 1991] era essencialmente um show de um homem só (no que se refere a decisões editoriais, design, produção e marketing), decidi que, se Dave Silva [David B. Silva, escritor e editor da Horror Show, falecido em 2013] podia fazer isso, eu também seria capaz. Ahhh, a inocência e a estupidez dos jovens! Eu comecei aceitando histórias para a revista no verão de 1988 e a edição de estreia saiu em dezembro daquele ano. Foi – e ainda é quase 70 edições depois – um verdadeiro processo de aprendizagem. Muitas falhas – pequenas e grandes – muitos erros de cálculo e muitas coisas sendo aprendidas da forma mais difícil. Mas aqui estamos nós, quase 27 anos depois, ainda seguindo. A divisão de livros da Cemetery Dance apareceu três anos depois, em 1991. Nós simplesmente percebemos que publicar livros de capa dura, para colecionadores, era uma extensão natural da revista. Muitos dos nossos leitores entusiasticamente apoiou ambos os negócios e a editora permitiu-me ampliar minha visão da Cemetery Dance. Havia uma riqueza incrível de material disponível, para nossos livros, dos autores que publicávamos na nossa revista, e desenvolvemos relacionamentos fortes com muitos desses autores. Publicá-los na forma de livro era um progresso natural.
FT: Desde as edições iniciais da revista, você teve o apoio de muitos escritores, incluindo Stephen King. Como você chegou até esses autores no início da história da Cemetery Dance?
RC: Não houve nenhum grande segredo sobre como os relacionamentos se desenvolveram. Nós simplesmente escrevemos muitas cartas, demos muitos telefonemas e enviamos muitas cópias da revista para os autores naquela época. Eu basicamente não tinha medo de entrar em contato com os escritores e de pedir que eles dessem suas contribuições. E eu percebi que a maioria dos grandes autores não pagariam 5 dólares para ver a revista, então eu garanti que essas primeiras edições chegassem até as caixas de correio dos escritores à minha própria custa. Eu acredito de verdade que a chave para o sucesso com autores (e artistas) era apenas mostrar a esses caras que eu estava fazendo isso pelas razões certas e que continuaríamos fazendo isso por um bom tempo. Muitos autores me disseram, desde então, que minha dedicação e minha paixão pela Cemetery Dance eram muito aparentes desde o início – e também era contagiante.
FT: O conto de Stephen King Chattery Teeth (A Dentadura Mecânica) foi publicado na 14ª edição da revista Cemetery Dance, em 1992 (antes de aparecer em Pesadelos e Paisagens Noturnas, de 1993). Vários contos de King apareceram em antologias da sua editora. Você também publicou algumas edições limitadas de seus livros (From a Buick 8, It, Full Dark no Stars, Doctor Sleep e Carrie), uma coletânea ilustrada em dois volumes (The Secretary of Dreams), um poema que nunca figurou em nenhum livro de King (The Dark Man) e a primeira edição de um livro inédito (Blockade Billy). Fale um pouco sobre essa bem sucedida parceria de Stephen King com a Cemetery Dance.
RC: Simplesmente foi um sonho que se tornou realidade. Steve foi um daqueles autores para quem enviávamos cópias de todas nossas edições iniciais. Também enviava cartas para ele ocasionalmente para dizer basicamente isso: “E aí, somos novos no pedaço, então entendemos perfeitamente que não há motivo para você nos enviar uma história, mas se algum dia se sentir inclinado a fazê-lo, estaremos esperando você de braços abertos!”. Também expliquei que a Cemetery Dance não existiria sem seus livros e histórias. Eles foram minha inspiração nos meus tempos de escola. [O que eu escrevia para King] Não era exatamente nada muito complexo, mas direto e feito com paixão. A primeira vez que recebi uma resposta do Steve foi com um anúncio promocional [de Stephen King na revista]. Acho que foi no final dos anos de 1990. Pouco tempo depois, o agente dele em enviou uma cópia de Chattery Teeth [A Dentadura Mecânica] que ficou uns três ou quatro meses sentada na minha pilha de cartas indesejadas até o agente dele entrar novamente em contato com uma carta perguntando se eu havia recebido a cópia. Quando li a carta quase desmaiei e saí correndo para o escritório em busca do manuscrito. Ele tinha o nome e o endereço do agente, então não fazia ideia de quem era na época. Anos depois, recebi a ligação dos assistentes maravilhosos do Steve perguntando se teria interesse em publicar a edição limitada de Buick 8. O resto é história...
Capa da 1a edição de Blockade Billy |
FT: E já há parcerias futuras previstas com Stephen King, além das edições limitadas Doubleday Classics?
RC: Talveeeeeez. Me desculpe, mas é o máximo que posso dizer.
FT: Nos últimos 27 anos, você publicou uma constelação de lendas do terror, como Stephen King, Dean Koontz, Peter Straub, Clive Barker e William Peter Blatty, apenas para mencionar alguns. Como você se sente com isso? Você tem um relacionamento pessoal com esses autores?
RC: De novo, honestamente, é tudo um sonho tornado realidade para mim. Trabalhar e construir relacionamentos com os autores que eu cresci lendo... Não posso imaginar nada melhor e mais gratificante. E ser capaz de ganhar minha vida fazendo isso? Eu reconheço como insanamente abençoado eu sou. Vou sempre me lembrar da primeira vez que falei com Ray Bradbury e Richard Matheson por telefone. As muitas cartas que troquei com Robert Bloch, Dean Koontz, Clive Barker e muitos outros. O fato de que muitos desses relacionamentos de negócios se transformaram em grandes amizades foi uma das grandes surpresas da minha vida – e, de muitas formas, são algo que eu valorizo muito mais do que os livros e as histórias.
FT: Analisando sua carreira de editor, o que te dá mais orgulho?
RC: Eu sempre disse que eu queria “construir bibliotecas” para nossos leitores – que eu queria encher suas estantes e suas imaginações. Eu sou muito orgulhoso de ter conseguido fazer isso por 27 anos e de ainda estarmos crescendo.
FT: Suas duas coletâneas de contos não foram publicadas pela Cemetery Dance (Monsters and Other Stories foi publicada pela Subterranean Press e Midnight Promises foi publicada pela Gauntlet). Por que você decidiu fazer dessa forma?
RC: Eu tenho uma terceira coleção – realmente grande, com mais de 160 mil palavras – saindo em 2016 pela Subterranean Press. É chamada de A Long December e contém 35 contos. Estou realmente empolgado para vê-la publicada! Eu optei por outras editoras para os meus livros por duas razões principais: 1) Eu respeito essas editoras e me sinto honrado por elas terem aceitado publicar meu trabalho. 2) Eu nunca me senti à vontade em ocupar uma vaga na revista ou na linha de produção de livros da editora com meu próprio trabalho (especialmente quando há muitos outros autores talentosos aí fora).
FT: Quais são os planos futuros para a Cemetery Dance? Você planeja vender mais direitos de suas antologias para editores estrangeiros?
RC: Nós amamos vender edições estrangeiras dos nossos livros. Nós tivemos algum sucesso internacional recente com a antologia Turn Down the Lights, mas esse é um mercado muito competitivo. Quanto ao futuro da Cemetery Dance, nós apenas planejamos continuar a fazer o que estamos fazendo – sempre de forma melhor, esperamos. Mesmo depois de quase três décadas no mercado editorial, nós vemos muito espaço para melhorar e é para onde nossas energias estão sendo direcionadas. Para isso e para construir as tais bibliotecas...
Capa de Turn Down the Lights |
FT: Você tem uma editora, é um editor, autor, roteirista e produtor de cinema. Em qual papel você se sente mais confortável?
RC: A resposta fácil é editor e dono de editora, porque foi isso que eu fiz na maior parte dos últimos 27 anos. Mas eu acho que me sinto mais feliz quando estou escrevendo. Eu passei um tempo sem escrever prosa – por várias razões. Eu estava ocupado com o negócio e também escrevendo e produzindo filmes... Mas esse também é um tipo de desculpa. Não há mais desculpas agora. Eu escrevi mais prosa no último ano do que em toda a década anterior – e isso me fez tremendamente feliz. Há mais ficção chegando por aqui, então fiquem atentos para isso!
FT: Você escreveu um roteiro de cinema para Buick 8, de Stephen King. Você acredita que há chances dele ser produzido algum dia?
RC: Esse é o melhor roteiro que eu e meu parceiro de escrita, John Schaech, já escrevemos, então ainda mantenho meus dedos cruzados. Mas, nesse momento, é provavelmente um tiro no escuro! O mesmo vale para o nosso roteiro de A Casa Negra (Black House). Mas isso é Hollywood. Então, qualquer coisa – eu digo qualquer coisa mesmo – é possível!
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INTERVIEW WITH CEMETERY DANCE’S FOUNDER AND EDITOR, RICHARD CHIZMAR
Have you ever heard of Cemetery Dance? If you’re a Stephen King fan, the answer is probably “Yes”. CD is a legendary publishing house, specialized in horror and dark fantasy fiction, that also publishes a namesake magazine.
King’s short stories have already figured in lots of magazine issues and anthologies published by CD. Some books have also been published as limited editions, such as It, Doctor Sleep and Carrie.
CD has also published world’s first edition of Blockade Billy, published as a book in 2010 and republished in the short story collection The Bazaar of Bad Dreams.
Stephen King isn’t the only star published by CD. Giants like Clive Barker, Peter Straub, Dean Koontz, Richard Matheson and William Peter Blatty had stories published in its anthologies and magazine.
And the man behind it is Richard Chizmar, a Venezuela-born american, that founded the publishing house 27 years ago. In this interview, he says how he has founded CD and how he has convinced estabilished horror authors to take part in his magazine and anthologies.
Chizmar also reveals how he almost missed a chance to publish na original Stephen King short story, in 1992, when he let it in a slush pile for 3-4 months. He received it from Steve’s agent and he didn’t perceive it was a King’s story.
Cover of the magazine where SK's Chattery Teeth was originally published / Capa da revista onde Chattery Teeth, de SK, foi originalmente publicada |
FT: Cemetery Dance is a legendary horror publishing house. It started as a magazine and, then, evolved to a book publisher. Tell us a little bit about this story. Why did you decide to create it and how did you do it?
RC: I was selling a lot of short stories of my own in the late 80's, but once I received my contributor copies, I realized that a lot of the magazines (and I use that term loosely) left something to be…desired. A lot of them featured poor design and layout, terrible covers and interior artwork, and a real lack of focus or purpose. A short time later, when I discovered that The Horror Show was essentially a one-man show (when it came to editorial decisions, design, production, and marketing), I decided that if Dave Silva could do it, so could I. Ahhh, the innocence and stupidity of the young! I started accepting submissions for the magazine in the summer of 1988, and the debut issue was published in December 1988. It was -- and still is after almost 70 issues -- a real learning process. Lots of mistakes -- large and small -- lots of miscalculations and lots of learning things the hard way. But here we are, almost 27 years later, and we're still going. The book publishing imprint of Cemetery Dance came about three years later in 1991. We simply realized that publishing hardcover, collectible books was a natural extension of the magazine. A lot of our reading audience enthusiastically supported both businesses, and the book imprint allowed me to broaden my vision of Cemetery Dance. There was also a wealth of wonderful book material available from the authors we were publishing in the magazine, and we had developed strong relationships with many of these authors. Publishing them in book form was a natural progression.
FT: Since the early issues of the magazine, you had the support of lots of writers, including Stephen King. How did you approach these writers in the begining of CD's history?
RC: There was really no big secret as to how those relationships developed -- we simply wrote a lot of letters and made a lot of phone calls and sent a lot of freebie copies to authors back in those days. I was pretty fearless when it came to contacting writers and asking them for contributions, and I realized that most established writers weren't going to send us a check for $5 to check out the mag, so I made sure those early issues found their way into the writers' mailboxes at my own expense. I honestly believe that the ultimate key to our success with the authors (and artists) was just a matter of showing these folks that I was doing this for the right reasons and that we were going to be around for awhile. A lot of authors have since told me that my dedication and passion for CD were very apparent right from the beginning -- and also contagious.
FT: Stephen King's original short story Chattery Teeth was published in the 14th issue of Cemetery Dance, 1992 (before appearing in Nightmares and Dreamscapes). King's stories appeared in lots of your anthologies. You've published a number of limited editions (From a Buick 8, It, Full Dark No Stars, Doctor Sleep and Carrie), a two-volume graphic short stories collection (The Secretary of Dreams), an uncollected poem (The Dark Man) and the first edition of an original novella (Blockade Billy). Could you talk a little bit about the succesful partnership between Stephen King and Cemetery Dance.
RC: Simply put, a dream come true. Steve is one of those authors we sent copies of all our early issues to, and I also mailed him occasional letters essentially saying, "Hey, we're the new kid on the block, so I totally understand there is no reason for you to send us a story, but if you're ever inclined to do so, we will be waiting with open arms!" I also explained that Cemetery Dance wouldn't exist without his novels and stories; they were my early inspiration from back in my high school days. Not exactly rocket science, but it was straight forward and from my heart. The first time I heard back from Steve was with a promotional blurb; I think this was around late 1990. A bit later, his agent mailed me a copy of Chattery Teeth which then sat in my slush pile for 3-4 months until the agent followed up with a postcard asking if I had received it. All of which prompted me to almost pass out and sprint to my office to unbury the manuscript (it was submitted with the agent's name as the return address, so I was clueless at the time). Years later, I would receive a phone call from one of Steve's wonderful assistants asking if I was interested in publishing a limited edition of From a Buick 8. The rest is history...
FT: Are there any future projects with Stephen King, apart from the limited editions of Doubleday classics?
RC: Maybeeeee. Sorry, that's the best I can do.
FT: In the last 27 years, you have published a constellation of horror legends like SK, Dean Koontz, Peter Straub, Clive Barker and William Peter Blatty, just to name a few. How do you feel about it? Do you have a personal relationship with these authors?
RC: Again, honestly, this is all dream come true stuff for me. To be working with -- and building relationships with -- the authors I grew up reading…I can't imagine anything better or more fulfilling. And to be able to make my living doing this? I completely recognize how insanely blessed I am. I will always remember the first time I spoke with Ray Bradbury and Richard Matheson on the telephone. The many letters I traded with Robert Bloch and Dean Koontz and Clive Barker and so many others. The fact that many of these business relationships have grown into the strongest of friendships has been one of life's great surprises -- and, in many ways, are something I treasure far beyond the books and stories.
FT: Looking back to your editor career, what makes you most proud of?
RC: I've always said I wanted to "build libraries" for our readers -- that I wanted to fill their bookshelves and their imaginations. I'm most proud that we have been able to do that for 27 years, and we're still going strong.
FT: Your two short stories collections weren't published by Cemetery Dance (Monsters and Other Stories was published by Subterranean Press and Midnight Promises was published by Gauntlet). Why have you decided to do that way?
RC: I have a third -- and fairly massive, at over 160,000 words -- collection coming in 2016 from Subterranean Press. It's called A Long December and contains 35 short stories and extensive Story Notes. I'm really excited to see it published! I've opted to go with other publishers for my books for two main reasons: 1) I respect these publishers and feel honored they want to publish my work; and 2) I've never felt right taking up a story slot in the magazine or a publication slot in the book line with my own work (especially when there are so many other talented authors out there).
FT: What lies ahead for Cemetery Dance? Do you plan to sell more CD's anthologies and books rights to foreign publishers?
RC: We always love to sell foreign editions of our books. We've had some recent success overseas with the Turn Down the Lights anthology, but it's a very competitive market. As for the future of CD, we just plan to keep rolling along and doing what we're doing -- but hopefully better. Even after close to three decades of publishing, we see a lot of room to improve and that's where our energies are directed. That and building those libraries...
FT: You're a publisher, editor, author, screenwriter and film producer. In which role do you feel more comfortable?
RC: The easy answer is editor and publisher because that is what I have spent the majority of the past 27 years doing. But I think I am the happiest when I am writing. I took some time off from writing prose -- for a variety of reasons. I was busy with the business and also writing and producing films…but that was also an excuse of sorts. No more excuses now; I have written more prose in the past year or so than I had in the previous decade -- and it's made me tremendously happy. There's a lot more fiction coming, so please keep an eye out for it!
FT: You have written a film script for SK's From a Buick 8. Do you think someday it will be produced?
RC: It's the best screenplay my writing partner, John Schaech, and I have written, so I still have my fingers crossed. But, at this point, it's probably a long shot! Same with our script version of Black House, which I adore. But it's Hollywood, so anything -- and I mean anything-- is possible!