Um imperador que se
divide entre governar o Brasil, conviver com sua sede de sangue e
enfrentar um poderoso inimigo sobrenatural. Esse é o pano de
fundo de Dom Pedro I, Vampiro, novo livro de Nazarethe Fonseca,
lançado pela Editora Planeta, que transforma o pai da
independência brasileira em um morto-vivo.
O FICÇÃO
TERROR fez uma breve entrevista com a autora, uma maranhense de São
Luís, apaixonada por seres sobrenaturais, como vampiros e
anjos. Em seu currículo estão sete livros. O primeiro
deles, O Despertar do Vampiro, foi publicado em 2000, através
de uma lei de incentivo à cultura no estado do Ceará.
Depois disso, duas
obras já foram publicadas pelas editoras Novo Século,
Aleph e, mais recentemente, Planeta.
O Despertar do Vampiro
foi o primeiro de uma série de cinco livros, chamada Alma e
Sangue, que também inclui as obras O Império dos
Vampiros (2009), Kara e Kmam (2010), O
Pacto dos Vampiros (2010) e Rainha dos Vampiros (2011).
Antes de Dom Pedro I,
Vampiro, ela também publicou Pandora, Controle Sobrenatural,
no ano passado.
Veja a entrevista:
FT: Como você
se aproximou da literatura? Como começou a escrever? E quando
decidiu começar a escrever sobre criaturas sobrenaturais, como
anjos e vampiros?
NF: Sempre li, mas o
que me levou a escrever foi um sonho muito real. Depois dele decidi
escrever o sonho e isso me levou a escrever profissionalmente. O
sobrenatural é o estilo que me sinto em casa. Posso escrever
qualquer estilo, mas minha paixão são vampiros, lobos,
anjos, criaturas com dons especiais.
FT: Como foi sua
trajetória? Como foi a história da publicação
de seu primeiro livro, O Despertar do Vampiro?
NF: Tentei pelos meios
convencionais, ou seja, enviei o manuscrito para editoras, e recebi a
carta padrão. Mas não desisti, sabia que tinha nas mãos
um bom livro. Não foi fácil, e isso me ensinou muito
sobre o mercado editorial, sobre os escritores da época, sobre
como sobreviver em meio aos egos de muitos. Quase tive meu manuscrito
roubado por um funcionário de uma secretaria de cultura.
Encontrei pessoas boas e bem ruins, editoras boas e ruins. Não
haviam tantas oportunidades como hoje. Persisti e fiz meu nome. O Despertar do Vampiro foi lançado, em 2000, pela Lei Tasso Jereissati [lei estadual cearense de fomento à cultura] e, depois, em 2001, pela Novo Século.
FT: Seu lançamento
mais recente é Dom Pedro I, Vampiro. Fale um pouco sobre esse
livro e sobre a história. O que o leitor pode esperar dele?
NF: O livro vai levar o
leitor a se questionar sobre a real história do Imperador do
Brasil. Gosto de ver meus livros como um quebra cabeças e ele
foi muito bem montado. No presente, você vai acompanhar os
passos de Pedro, um vampiro que prefere viver sozinho e longe dos
mortais. Que é caçado por velhos inimigos e tenta
sobreviver sem remorsos. Mas seu passado cobra um preço alto.
No passado, ele é Dom Pedro I e precisa governar o Brasil,
que acabou de se tornar independente, conviver com a esposa que não
ama, manter sua favorita Domitila de Castro e conviver com sua sede
por sangue. Defender o Brasil, para Dom Pedro I, será um pouco
mais complicado que enfrentar os exércitos de Portugal. Ele
vai enfrentar um vampiro velho e sedento por sangue e poder.
FT: Como surgiu a
ideia de transformar um personagem histórico como Dom Pedro I
em um vampiro?
NF: Foi durante uma
conversa sobre vampiros, imortalidade, reis e rainhas e como seria
se um deles fosse imortal, vampiro. Depois disso, foi inevitável
não pensar em Dom Pedro I. Ele é uma figura
emblemática, nosso primeiro imperador. Ele que moldou os
alicerces de nossa política como nação. Mas que, infelizmente , não conta com o respeito da nação
que ajudou a formar. Durante a pesquisa li, vi vídeos e
percebi que a realeza não é benquista em nosso país.
Enquanto que, na Inglaterra, é tida como símbolo da formação
do país. Muito triste perceber que não temos essa
valorização. Dom Pedro é visto como mulherengo,
o homem que estava com dor de barriga ao fazer a independência
do Brasil. Isso me estimulou a procurar a verdade e escrever o livro.
FT: Já está
trabalhando em um novo livro? Sobre o que será?
NF: Sim, costumo
trabalhar em dois livros simultaneamente, assim tenho sempre um no
caminho da edição. Mas por regra não gosto de
falar dos temas dos meus novos projetos. É meio que uma
excentricidade de escritor. Sobre isso deixo uma citação
de um dos meus escritores favoritos Ernest Hemingway: “Faça
sempre lúcido o que você disse que faria bêbado.
Isso o ensinará a manter sua boca fechada”.